Em livro, ex-colegas relembram erros e acertos de Boechat no rádio
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A trágica morte de Ricardo Boechat (1952-2019) em fevereiro passado ainda causa comoção entre fãs e colegas do jornalista. Menos de um ano depois, e no intervalo de poucos meses, dois livros foram publicados com a mesma proposta de lembrar a trajetória e preservar a memória de uma das vozes mais corajosas e originais do jornalismo brasileiro.
Em maio, saiu "Toca o Barco - Histórias de Ricardo Boechat contadas por quem conviveu e trabalhou com ele" (Máquina de Livros, 176 págs., R$ 44,90). Organizado por Bruno Thys e Luiz André Alzer, reúne 32 depoimentos de pessoas que conheceram o jornalista em diferentes fases de sua vida e carreira.
No meio de dezembro, foi publicado "Eu Sou Ricardo Boechat" (Panda Books, 208 págs., R$ 49,90), de Eduardo Barão e Pablo Fernandez. O primeiro dividiu por 13 anos o microfone com o jornalista na BandNews FM; o segundo, trabalhou com ele na rádio e na produção de uma coluna semanal para a revista IstoÉ.
A proximidade de Barão e Fernandez com Boechat acentua o caráter de homenagem do livro, mas os autores não deixam de mencionar episódios menos edificantes do cotidiano, em especial as brigas e ofensas cometidas no calor do trabalho. "Todos que trabalharam com ele, sem exceção, foram alvos dos seus esporros", escrevem. Mas lembram: "As brigas nunca saíam do estúdio. Acabavam ali."
Os autores relembram o episódio que causou a demissão de Boechat do Globo e da Rede Globo, após a revista "Veja" expor um telefonema grampeado que o mostrou lendo uma reportagem para uma fonte antes de publicá-la.
Mas o foco é a reinvenção profissional, ocorrida no rádio. Fernandez é muito preciso ao definir o que diferenciou Boechat de outros profissionais nesta mídia: "Ele entrou no rádio para quebrar paradigmas que ele mesmo, um dia, até cogitou concordar. Queria algo inovador e menos pautado pela fé pública - a palavra da autoridade contra qualquer denúncia ou acusação. A ideia era inverter o polo, historicamente, sempre pendente para as autoridades. Na BandNews FM, pendia sempre para o ouvinte. Ou seja, quem quisesse que provasse o contrário".
Este princípio ajuda a explicar as centenas de ações judiciais que sofreu. Quase todas foram arquivadas; ele foi condenado apenas uma vez, por calúnia, segundo o livro, num processo movido pelo senador Roberto Requião.
São muitas as histórias que reforçam a divertida mitologia sobre Boechat. Um tipo generoso, que ajudava pessoas desconhecidas, muito distraído, que perdia e esquecia tudo, inclusive a filha numa praia, amoroso com a mulher Veruska, fanfarrão com os colegas, e também corajoso, debochado, grosseiro, imprevisível, frequentemente genial. Um tipo fascinante e único.
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