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Mauricio Stycer

Caso Bocardi: Com tenista negra, "Amor de Mãe" dá lição sobre o racismo

No início de "Amor de Mãe", Marina (Erika Januza) treinava para ser campeã de tênis - Isabella Pinheiro/Globo
No início de "Amor de Mãe", Marina (Erika Januza) treinava para ser campeã de tênis Imagem: Isabella Pinheiro/Globo

Colunista do UOL

07/02/2020 13h49

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Ao identificar um jovem negro usando a camisa do clube Pinheiros como um pegador de bolas de tênis, Rodrigo Bocardi reiterou, mesmo que sem a intenção, um preconceito. Não foi capaz de imaginar que ele poderia ser um atleta. Este exercício de imaginação é justamente uma das propostas de "Amor de Mãe".

Como contou Manuela Dias em entrevista ao UOL em novembro passado, "a dramaturgia pode ter a função de denúncia e também de abrir um espaço imaginário novo". Por isso, entre outras ações de combate ao racismo, ela escalou uma atriz negra, Erika Januza, para o papel da tenista Marina.

"Apesar de não ter lugar de fala diretamente, eu acredito que o racismo e o machismo são problemas de todos. O machismo não é um problema só das mulheres nem o racismo só dos negros", disse Manuela. "A gente tem mais de dez atores negros no elenco principal, entre os 30 principais. Porque a gente tem que representar esse Brasil, esse Brasil que não é branco, esse Brasil que não é loiro, não tem olho azul, esse Brasil nosso".

E acrescentou: "As pessoas têm que se ver na televisão. Até para poder quebrar essa herança histórica braba que a gente carrega, a personagem da Erika Januza é tenista. E eu não quis explicar porque ela é tenista. Vai que alguém olhe e fale: 'Eu também posso ser tenista. Eu sou pobre, mas eu posso ser tenista'."

Fica a dica.