Globo: "manifestação antidemocrática"; Record: "encontro com apoiadores"
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A forma como Globo e Record noticiaram o principal evento político deste domingo (03) diz muito a respeito da polarização do país. Para a primeira, o presidente Jair Bolsonaro participou de "uma manifestação antidemocrática e inconstitucional em Brasília contra o STF e o Congresso". Para a segunda, foi "um encontro com apoiadores". As abordagens foram tão distintas que chega a ser difícil acreditar que estão falando do mesmo acontecimento.
O "Fantástico" dedicou 17 minutos ao assunto, dividido em duas reportagens. Na primeira, a repórter Delis Ortiz descreveu o ato político diante do Palácio do Planalto, reproduziu as falas mais duras e ameaçadoras do presidente e mostrou, em detalhes, a agressão aos jornalistas de "O Estado de S.Paulo".
A repórter também lembrou as diretrizes da Organização Mundial da Saúde em defesa do isolamento social, "que pode achatar a curva de infectados, evitar o colapso do sistema de saúde e, com isso diminuir o número de mortos". Em seguida, ela registrou que o presidente "voltou a repetir que as mortes são inevitáveis".
Por fim, a repórter observou: "Essa agenda do presidente da República vem se repetindo nos fins de semana nestes últimos meses. Encontros de Bolsonaro com manifestantes contra Supremo, Congresso, na contramão da democracia e das autoridades sanitárias em plena pandemia".
Uma segunda reportagem, de Nilson Klava, mostrou a repercussão da manifestação. Foram ouvidos os depoimentos críticos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), dos deputados Carlos Sampaio (PSDB) e José Guimarães (PT), do senador Fabiano Contarato (Rede), além de notas do MDB Nacional e da liderança da oposição.
Também foram ouvidos quatro ministros do STF, Gilmar Mendes, Carmem Lúcia, Alexandre de Moraes e Luiz Fux, o ex-ministro Sergio Moro, os governadores Wilson Witzel (RJ) e João Doria (SP), o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, ABI e Fenaj.
No final, o "Fantástico" registrou: "O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o presidente do STF, Dias Toffoli, e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, não se manifestaram nem sobre as palavras do presidente, em ato antidemocrático, nem sobre as agressões aos jornalistas".
O "Domingo Espetacular" resumiu o ato político em seis minutos, praticamente um terço do tempo dedicado pela Globo. A reportagem de Alessandro Saturno reproduziu falas de Bolsonaro e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, referindo-se à "manifestação espontânea" ocorrida em Brasília neste domingo, "em defesa da democracia e da liberdade", como disse o presidente.
O programa também falou em "mobilização popular" e "encontro com apoiadores". O repórter descreveu com muita brevidade as agressões aos jornalistas do "Estadão", e ao final o apresentador Eduardo Ribeiro classificou o que ocorreu como "lamentável agressão".
Ao repercutir a manifestação, o "Domingo Espetacular" deu voz a Rodrigo Maia, Felipe Santa Cruz e Carmem Lúcia, emendando com a seguinte observação: "Enquanto o presidente recebia críticas, a base política no Congresso elogiava a mobilização popular". Foram exibidos, então, um vídeo gravado pela deputada Bia Kicis e um depoimento do deputado Eduardo Bolsonaro.
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