Fala de Regina Duarte à CNN lembra sua gestão: sem contato com a realidade
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Regina Duarte deu uma entrevista à CNN Brasil nesta quinta-feira (07) que lembra muito a sua gestão à frente da Secretaria de Cultura do governo federal - sem muito contato com a realidade. No momento mais surreal, ela se irritou com a exibição de uma mensagem da atriz Maitê Proença criticando a sua gestão e encerrou o encontro abruptamente.
"Vocês estão desenterrando mortos", protestou, achando que era uma mensagem antiga de Maitê. "Vocês estão carregando um cemitério nas costas, fiquem leves", disse Regina aos jornalistas da CNN. "Em respeito à saúde da secretária, eu vou encerrar a entrevista", disse o repórter Daniel Adjuto.
Antes deste desenlace inesperado, Regina teve a oportunidade de expor a sua visão sobre o próprio trabalho. E afirmou que a sua gestão está sendo muito apreciada. "O setor [cultural] gosta de mim. O setor me ama. É uma minoria 'gritalhona' [que critica], deixa ela pra lá."
Sobre o seu encontro com o presidente Jair Bolsonaro na quarta-feira, e a possibilidade de deixar o governo, ela disse: "Demissão? Nada disso. Isso é uma narrativa que corre lá fora. As pessoas parecem ter uma ansiedade em me ver fora. Falam 'agora ela cai, agora ela cai'. Não! Não! Está um clima super bom, ele [o presidente Bolsonaro] estava super animado, feliz, leve, rindo. Ele está sempre rindo", reagiu Regina.
Ela também foi questionada sobre as razões de a Secretaria de Cultura não ter-se manifestado publicamente por ocasião das mortes de Rubem Fonseca, Moraes Moreira, Flavio Migliaccio e Aldir Blanc, entre outros artistas e criadores brasileiros. Ignorando a natureza da função pública que exerce, ela respondeu que optou por enviar mensagens privadas às famílias.
"A minha assessoria de comunicação, desde o primeiro falecimento de uma pessoa importante na cultura, me cobrou uma divulgação da secretaria. Eu optei por mandar uma mensagem, como secretária, para as famílias das pessoas que fomos perdendo nos últimos tempos", disse a atriz.
E acrescentou: "Será que eu vou ter que virar um obituário? Quantas pessoas a gente está perdendo?", prosseguiu Regina. "O reconhecimento, ou ele existe ou não existe. Tem pessoas que eu não conheço. Aldir Blanc eu admiro muito, mas nunca estive com ele. O país está cultuando a memória deles. Não precisa uma secretária da Cultura".
Sobre a nomeação e, em seguida, cancelamento da nomeação de Dante Mantovani para dirigir a Funarte, Regina disse que manifestou surpresa: "Fiquei muito surpresa. O Mantovani é uma pessoa que eu não conheço, gostaria de conhecer, vi um vídeo dele e me pareceu muito legal, uma pessoa que conhece o setor. Até então todas as nomeações eram comunicadas. Algumas eu tinha sugerido, e outras, quando eu não tinha sugerido, elas vinham a mim", completou.
Questionada sobre críticas feitas a ela pelo presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, Regina disse: "Eu já nem acredito mais nisso. As histórias são tão disparatadas, a gente vive um mundo tão distorcido, que eu já não sei mais se ele é um antagonista meu. Se ele é uma pessoa que me questiona, até agressivamente, como eu ouvi falar", disse a atriz.
A secretária disse ainda: "Palmares está debaixo do guarda-chuva do Turismo, não tem a ver com a Cultura. Deixa o Sergio Camargo fazer o trabalho dele. Eu não tenho nada com isso. Não vão cair no meu CPF as coisas que ele possa vir a fazer."
Regina Duarte comentou o pedido de demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça: "Fiquei triste por ele, pelo Bolsonaro, pelo povo brasileiro, pelo tanto que esperávamos que eles ficassem juntos".
E, ao ser questionada sobre o seu apoio a Jair Bolsonaro, respondeu fechando os olhos para o passado: "Eu apoio o governo Bolsonaro porque acredito que ele era e continua sendo a melhor opção para o país. 'Ah, mas ele fez isso e aquilo'. Eu não quero ficar olhando pra trás. Se eu ficar olhando pelo retrovisor vou dar trombada, posso cair no precipício ali na frente", disse. "Tem que olhar pra frente, ser construtivo".
Prosseguiu: "Ficar cobrando coisas que aconteceram nos anos 60, 70, 80? Gente, vamos embora, pra frente, Brasil!", disse, cantarolando um trecho de "Pra Frente Brasil", a canção ufanista que embalou a seleção brasileira na Copa de 70. "Não era bom quando a gente cantava isso?", perguntou.
Adjuto lembrou: "Muita gente morreu na ditadura". E Regina reagiu assim: "Cara, na humanidade não para de morrer. Sempre houve tortura. Meu Deus do céu? Stálin, Hitler, quantas mortes. Não quero arrastar um cemitério de mortos nas minhas costas. Sou leve, estou viva, estamos vivos", disse. "Por que olhar pra trás?".
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