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Mauricio Stycer

Presidente da Caixa diz que Band "queria dinheiro"; Datena protesta ao vivo

O presidente Jair Bolsonaro durante reunião ministerial em 22 de abril, cuja conteúdo veio a público nesta sexta-feira (22) - Marcos Corrêa/Presidência da República
O presidente Jair Bolsonaro durante reunião ministerial em 22 de abril, cuja conteúdo veio a público nesta sexta-feira (22) Imagem: Marcos Corrêa/Presidência da República

Colunista do UOL

22/05/2020 18h15

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Em participação na reunião ministerial, cuja gravação foi divulgada nesta sexta-feira (22), o presidente da Caixa Econômica Federal diz que a Band "queria dinheiro". A frase de Pedro Guimarães dá a entender que o banco recusou um pedido de ajuda da emissora.

"Acho que a gente tá com um problema de narrativa. Hoje de manhã, por exemplo, o pessoal da Band queria dinheiro. O ponto é o seguinte: vai ou não vai dar dinheiro pra Bandeirantes? Ah, não vai dar dinheiro pra Bandeirantes? Passei meia hora levando porrada, mas repliquei".

A fala ocorreu em meio a uma reunião ministerial ocorrida do dia 22 de abril. O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu derrubar o sigilo do encontro, citado pelo ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) como uma prova de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria ameaçado interferir na Polícia Federal.

A fala do presidente da Caixa foi exibida durante o "Brasil Urgente". Assim que ouviu, a primeira reação de Datena foi: "O detalhe é que o cara (Pedro Guimarães) falou aí que o pessoal da Band queria dinheiro. Ele vai ter que falar quem da Band queria dinheiro. Vai ter e provar isso, o presidente da Caixa. Seria bom marcar com ele, que já falou aqui umas 300 vezes, quem é que queria dinheiro aqui. Eu não queria. Ele vai ter que falar quem da Band queria dinheiro. Vai ter que provar isso ai."

Alguns instantes depois, o apresentador voltou a protestar: "Aí vem o cara (Pedro Guimarães) numa reunião ministerial com o presidente da República e diz 'o pessoal da Band quer dinheiro'. Se você deu dinheiro para alguém aqui da Band, Pedro, você indique para quem você deu, que com certeza essa pessoa vai ser demitida, se não foi uma coisa legal, se não foi mídia técnica. E do jeito que você colocou tem dúbia interpretação. Ou você prevaricou e o Bolsonaro devia te mandar embora hoje."

Segundo Datena, o "Brasil Urgente" vinha exibindo uma ação comercial da Caixa sobre o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600. O apresentador criticou seguidamente a fala de Pedro Guimarães, cobrando um esclarecimento sobre o que ele quis dizer na reunião ministerial.

Chateado com o conteúdo divulgado na reunião e com as ofensas de Bolsonaro a veículos de comunicação, Datena disse ainda: "De preferência, eu não quero mais entrevistar o senhor presidente da República. Depois de uma atitude dessa eu gostaria que o presidente da República desse entrevista para quem ele quisesse. Com todo respeito que eu tenho a ele e ao cargo dele, eu me permito nunca mais fazer uma entrevista com ele."

A Band divulgou uma nota durante o "Jornal da Band". Segundo a emissora, a frase dita pelo presidente da Caixa "soa leviana e irresponsável". A emissora repudiou a "insinuação caluniosa". Veja a íntegra:

"No vídeo da reunião ministerial, liberado pelo STF, aparece o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, dizendo que a Band 'está me pedindo dinheiro'. Essa frase soa leviana e irresponsável e tem que ser explicada por esse senhor. A Band se orgulha de operar com lisura na sua área comercial e não admite que qualquer de seus funcionários saia da linha técnica e rigorosa. Repudiamos a insinuação caluniosa que essa frase contém."

Também em nota, o presidente da Caixa disse que não teve a intenção de "sugerir a prática de qualquer conduta irregular ou ilícita" ao falar na reunião ministerial. Disse ele:

"Durante a reunião, me encontrava sob forte emoção. Todos sabem o momento que estamos atravessando na CAIXA, em especial para cumprir a hercúlea tarefa de levar o auxílio emergencial há (sic) mais de 50 milhões de brasileiros. Em nenhum momento pretendi desabonar pessoas ou instituições, muito menos sugerir a prática de qualquer conduta irregular ou ilícita."