Apagar o passado? Combate ao racismo afeta reprises na TV
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
A morte do ex-segurança George Floyd, assassinado por asfixia por um policial branco na cidade de Minneapolis, provocou comoção mundial. Protestos contra o racismo e a violência policial se espalharam pelos Estados Unidos e por diversas cidades de muitos outros países.
Em Bristol, na Inglaterra, manifestantes derrubaram a estátua de Edward Colston, um comerciante local que fez fortuna com o tráfico de africanos para realizar trabalho escravo nas Américas. A estátua foi erguida em 1895. Por temer que algo parecido possa ocorrer em São Paulo, a estátua de Borba Gato ganhou proteção policial.
Na esteira deste e de outros muitos protestos, voltou à tona um debate muito importante: o que fazer com criações antigas (filmes, séries, obras de arte, homenagens) que apresentam conteúdo racista ou reiteram preconceitos?
Nesta semana, a HBO retirou temporariamente do catálogo do seu serviço de streaming o filme "...E o Vento Levou". O longa-metragem de 1939 sobre a Guerra Civil americana, ganhador de oito estatuetas do Oscar e uma das maiores bilheterias de todos os tempos, é muito criticado por sua representação de escravos conformados e proprietários de escravos heroicos.
Já Marta Kauffman, uma das criadoras de "Friends", exibida entre 1994 e 2004, reconheceu esta semana a ausência de diversidade na série. Ela disse que teria feito escolhas diferentes no passado se tivesse o conhecimento que tem hoje sobre o assunto. Há pouco tempo, Lisa Kudrow, a Phoebe da série, fez observação semelhante, dizendo que hoje seria impossível uma série assim, com um elenco exclusivamente branco.
Como lidar com estes problemas?
No caso da estátua, o prefeito de Bristol, Marvin Rees, anunciou que ela será recuperada e exibida ao lado de cartazes dos protestos recentes para que a história da escravidão e a da luta pela igualdade racial possam ser melhor compreendidas.
Já a HBO informou que o filme será disponibilizado novamente na plataforma de streaming, em data ainda não definida, junto com uma discussão de seu contexto histórico. Mas nenhum corte será feito: "Porque fazer isto seria como dizer que estes preconceitos nunca existiram", disse a empresa. Apagar filmes não vai apagar o racismo, observou o crítico Roberto Sadovski.
Acho as duas atitudes corretas. Apagar o passado não é a melhor forma de evitar que ele se repita no presente ou no futuro. O mesmo vale para "Friends": a falta de diversidade na série é um registro histórico. Assisti-la hoje com um olhar crítico é necessário, mas "cancelá-la" é uma bobagem.
Stycer recomenda
UOL Vê TV #31: Saída de grandes figuras da Globo abre possibilidades para novas produções
Streaming já tem mais ibope que TV paga no Brasil
Feltrin: Mario Frias nem assumiu e já está sendo frito como Regina
Chico Barney: Fim da reprise do futebol é golaço da Globo
Melhor da semana
Porta dos Fundos "desenha" qual é o drama da representação racial na mídia
Pior da semana
"Cidade Alerta" recebe lição de jornalismo da filha de homem assassinado
Uma versão deste texto foi publicada originalmente na newsletter UOL Vê TV, que é enviada às quintas-feiras por e-mail. Para receber, gratuitamente, é só se cadastrar aqui.
Siga a coluna no Facebook e no Twitter.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.