Âncora da CNN rebate defesa de Garcia à cloroquina e é elogiado por colegas
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Ao completar duas semanas como apresentador do quadro "Liberdade de Opinião", nesta sexta-feira (07), Rafael Colombo fez algo que devia deste a estreia: refutou uma opinião sem embasamento científico de Alexandre Garcia sobre cloroquina.
No primeiro dia do quadro, em 27 de julho, Garcia fez apologia do remédio dizendo que o presidente Jair Bolsonaro "é a comprovação científica de que o uso da hidroxicloroquina dá certo". Colombo ficou em silêncio e somente 15 minutos depois, após ouvir o comentarista elogiar a atuação do ministro da Saúde, observou que o remédio "não tem eficácia reconhecida pela OMS".
O incômodo de Colombo com a situação tornou-se evidente no dia seguinte, após o anúncio da morte do jornalista Rodrigo Rodrigues. O âncora da CNN registrou no Twitter: "O conheci pessoalmente. Falamos por meia hora e parecíamos amigos de infância. Mais um ser humano especial que esse vírus leva. Para o qual não há remédio com eficácia comprovada pela ciência, infelizmente".
Ao longo destas duas semanas, em mais de uma ocasião Colombo foi criticado nas redes sociais por causa de sua postura diante de Garcia. "Por que você fica passando pano para as atrocidades do Alexandre Garcia? Que tipo de ser humano é você?", questionou um seguidor, levando-o a dizer: "Passo pano pra quem, amigo? Não se esconda atrás de um perfil pra vir acusar um profissional com 20 anos de carreira de passar pano pra ninguém".
Nesta sexta-feira, ele retrucou um novo comentário apologético da cloroquina feito por Garcia na TV. Disse Colombo: "A troco de que tanta gente morreria se a cloroquina funciona? Um remédio barato, como você mesmo lembrou, está aí na farmácia. E se há interesse farmacêutico em dizer que ela não funciona, também não pode existir um interesse farmacêutico em dizer que funciona? Afinal, o governo brasileiro comprou mais de 4 milhões de doses. E se não funcionar, vai fazer o que com ela?".
"'Se não funcionar' não existe, pois está funcionando", respondeu Garcia. "Ninguém provou que ela está funcionando, né, Alexandre?", insistiu Colombo. "As pessoas que sobreviveram são a prova. É assim que começa a ciência, a experiência", respondeu Garcia.
O diálogo prosseguiu com Colombo registrando que perdeu dois amigos para a covid-19 - um deles, o jornalista José Paulo de Andrade, com quem dividiu o microfone na Band. "Eles morreram à toa? Porque fica parecendo que com R$ 20 na farmácia eles estariam aqui vivos!" "Vamos deixar questões pessoais de lado", respondeu Garcia.
Colombo citou as críticas que tem recebido ao justificar, ainda no ar, por que reagiu à fala de Garcia: "Faço questão de fazer este posicionamento aqui porque depois há uma mistura em redes sociais a respeito da minha opinião com a opinião que o Alexandre manifesta aqui", disse.
E acrescentou: "Tenho todo o respeito pela carreira e pela história do Alexandre, mas me sinto no direito e no dever de fazer esse posicionamento porque eu também perdi gente muito próxima por causa dessa doença e fica parecendo que elas morreram porque não quiseram gastar R$ 20 pra tomar cloroquina".
A resposta de Colombo a Garcia foi elogiada internamente pelos colegas do jornalista. Resta ver se foi um gesto consentido pela chefia do canal e se poderá se repetir em outras situações.
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