"Sob Pressão" reafirma todas as suas qualidades em especial sobre covid-19
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Nas suas primeiras três temporadas, "Sob Pressão" construiu a reputação como uma excelente série médica, a melhor já feita pela televisão brasileira. São vários os motivos do sucesso, mas o primeiro, e talvez mais importante, tenha sido a ideia de ambientar a ação em um hospital público.
Desde o início, o programa se estruturou em torno de três eixos principais: as dificuldades de exercer a medicina num hospital do SUS, os dramas familiares que levaram os pacientes a precisar de ajuda e as histórias pessoais dos médicos fora do local de trabalho.
A pandemia de coronavírus interrompeu o plano de gravar uma quarta temporada em 2020. A ironia não passou despercebida: uma série médica afetada por uma crise sanitária real.
Mas logo surgiu a ideia do especial "Sob Pressão: Plantão Covid" - uma forma de romper com o modelo tradicional da série, mas manter o seu espírito.
Transportando toda a ação para dentro de um hospital de campanha durante a pandemia, numa situação de isolamento social, o programa perdeu dois de seus eixos - as histórias dos pacientes e a dos médicos. E colocou todas as suas fichas no terceiro elemento - a rotina no interior de um hospital público.
O primeiro episódio foi arrebatador. Centrado basicamente no impacto que a pandemia causou nos próprios profissionais da saúde, levou a emoção ao extremo ao transformar o médico Evandro (Julio Andrade) em paciente de covid-19.
Como escrevi na "Folha", mesmo sabendo que estava sendo manipulado pelo roteirista Lucas Paraizo e sua equipe (Marcio Alemão, Flavio Araujo e Pedro Riguetti), o espectador chorou com prazer neste episódio catártico. Chorou de raiva, de tristeza e até de alegria.
O segundo episódio do especial, exibido nesta terça-feira (13), avançou em outras direções. Mostrou a irresponsabilidade de quem ignora os riscos da pandemia, expôs a dedicação de uma enfermeira (Roberta Rodrigues) aos parentes dos pacientes e buscou explicar ao público o que leva uma pessoa a decidir ser médico.
Enquanto Evandro lutava pela vida na terapia intensiva, um longo flashback mostrou um momento-chave em sua vida. Ainda jovem, Evandro (vivido por Ravel Andrade) conheceu o médico Samuel (Stepan Nercessian), ajudou a salvar a própria mãe (Fabíula Nascimento) e teve o clique que o levou a decidir ser médico.
O episódio ainda tem dois outros momentos de impacto. O primeiro, a decisão de Carolina (Marjorie Estiano) de participar da cirurgia de emergência a que Evandro, seu marido, é submetido.
E o segundo (desculpe o spoiler), a volta do médico ao trabalho, na cena final. É quando ele, mais uma vez, faz um discurso militante: "A gente precisa defender a saúde pública, a gente precisa acreditar na ciência. Só assim a gente vai ter um mundo mais justo, um país mais humano."
"Sob Pressão: Plantão Covid" representou um pequeno desvio de rota da série, mas altamente justificável no contexto. E cumpriu com glória a difícil missão de informar e sensibilizar sem descuidar de entreter.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.