Apresentadora da GloboNews publica o seu diário sobre os dias da pandemia
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Por sugestão do marido e com a ideia de que as anotações despertariam a criatividade, a jornalista Maria Beltrão resolveu escrever um diário. Um resumo dos registros que fez entre 18 de abril e 1º de agosto, durante a pandemia de coronavírus, estão sendo publicados esta semana no livro "O Amor Não se Isola".
É uma forma de conhecer melhor a profissional que um admirador apelidou de "a Hebe do jornalismo". Apresentadora desde 2008 do programa "Estúdio i", na GloboNews, Maria Beltrão é conhecida pelo bom humor, a simpatia como acolhe os participantes e o jogo de cintura para o improviso, quando necessário.
O livro mostra uma Maria Beltrão emotiva, dedicadíssima à família, amorosa com os muitos parentes e amigos, muito religiosa ("sou encantada pela vida dos santos e por histórias de conversão") e preocupada com a própria aparência física.
Como informa já na capa, não é um livro sobre bastidores da televisão ou fofocas sobre o jornalismo. É um relato plácido, às vezes angustiado, eventualmente morno, sobre esses dias estranhos de 2020.
No dia 30 de abril, por exemplo, abalada pela morte de um amigo, ela anota: "Por falar em choro, tenho chorado. Nada muito doído. As lágrimas às vezes se antecipam à emoção. É faxina emocional. É choro para lavar os pensamentos que ainda nem vieram. É choro de quem tem muita alegria e esperança, mas intui mais um dia de notícias difíceis".
Os assuntos se emendam num fluxo livre de pensamentos. Após uma observação sobre o escritor James Joyce, ela reflete sobre a luta contra a balança.
"Engordei. Foi só eu mandar mal na dieta que a minha calça jeans mandou mal em mim. Lamentável: saí do 'Ulisses' e fui parar nessa versão mal-acabada de 'O diário de Bridget Jones'. Sei que deveria me pesar hoje, mas decidi que será só na sexta-feira. Prometo falar para você a verdade, nada mais que a verdade, quando encarar a balança".
Entre as muitas observações carinhosas sobre o falecido pai (Helio Beltrão), a mãe, os irmãos, os filhos, tios, primos, Maria também dedica algumas linhas aos poetas que admira (Manuel Bandeira, Mario Quintana) e aos colegas de trabalho, na GloboNews.
Numa rara anotação em que reflete sobre o seu trabalho, Maria fala sobre a insegurança nos primeiros tempos como apresentadora, quando pensou em desistir, e um encontro com Hebe Camargo. A veterana apresentadora disse então: "Tenha coragem. Não desista!".
"Resisti. Não desisti. Já fui chamada algumas vezes de a 'Hebe do jornalismo'. Para mim, honra maior não há. Essa mulher extraordinária iluminou a vida de muita gente. Fez o bem sem olhar a quem", escreve.
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