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Mauricio Stycer

Por relativizar abuso sexual, Constantino é afastado de TV e mais 3 mídias

Rodrigo Constantino em live no seu canal do Youtube - Reprodução
Rodrigo Constantino em live no seu canal do Youtube Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

05/11/2020 12h48Atualizada em 05/11/2020 19h33

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Um dia depois de ser demitido da Jovem Pan, o comentarista Rodrigo Constantino foi desligado da Record. Ele escrevia no site R7 e fazia comentários na Record News.

A decisão é uma consequência das declarações de Constantino sobre o caso da jovem Mariana Ferrer, que acusou um empresário de estupro em uma casa noturna de Jurerê Internacional (SC). Em uma transmissão ao vivo, Constantino afirmou que, se sua filha sofresse um abuso em condições semelhantes, ele não denunciaria o homem e a deixaria de castigo.

Após o anúncio feito pela RecordTV, a Rádio Guaíba e o jornal Correio do Povo, que pertencem ao grupo Record, também rescindiram contrato com Constantino. Assim, entre quarta (04) e quinta-feira (05), o comentarista foi desligado de quatro trabalhos por conta destas declarações ofensivas relativizando a violência contra mulheres.

Na gravação que causou repúdio geral, ele disse: "Se minha filha chegar em casa, isola [ele bate na madeira]... Mas se a minha filha chegar em casa --e eu dou boa educação para que isso não aconteça, mas a gente nunca controla tudo--, se ela chegar em casa um dia dizendo: 'Pai, fui para uma festinha, ah, fui estuprada'. [Eu perguntaria]: 'Me dá as circunstâncias'. 'Ah, fui para uma festinha, eu e três amigas, tinha 18 homens, nós bebemos muito e eu estava ficando com dois caras, e eu acabei dormindo lá e eu fui abusada'. Ela vai ficar de castigo feio. Eu não vou denunciar um cara desses pra polícia. Eu vou dar esporro na minha filha."

E acrescentou: "Po que é um comportamento altamente condenável. Mas a gente não pode mais falar essas coisas, que existe mulher decente também ou piranha. Não existe também a ideia de mulher decente? As feministas querem que não. Por quê? Porque feminista é tudo recalcada, ressentida e, normalmente, mocreia, vadia, odeia homem, odeia união estável, odeia casamento".

Em nota, a Record disse que "a decisão foi tomada em virtude das posições que o profissional assumiu publicamente sobre violência contra a mulher, em canais que não têm nenhuma vinculação com nossas plataformas. O jornalismo dos veículos do Grupo Record tem acompanhado com muita atenção o caso de Mariana Ferrer e o Grupo não poderia, neste momento, deixar qualquer dúvida de que justiça não se faz responsabilizando ou acusando aqueles que foram vítimas de um crime."

A emissora acrescentou: "Apesar de ter garantias de liberdade editorial e de opinião, julgamos que o posicionamento adotado por Constantino não compactuou com o nosso princípio de não aceitar nenhum tipo de agressão, violência, abuso, discriminação por questões de gênero, raça, religião ou condição econômica."

Em mensagem no Twitter, Constantino comentou a decisão: "A Record foi mais um veículo que não aguentou a pressão. O departamento comercial pede 'arrego', pois recebe pressão de fora, dos chacais e hienas organizados, dos 'gigantes adormecidos'. Sim, perdi mais um espaço, mas sigo com minha total independência e com minha integridade".

Na quarta-feira, Constantino foi afastado da Jovem Pan, onde trabalhava. Em nota, a empresa afirmou que acredita que "a vítima não deve ser responsabilizada pelos atos de seu agressor" e comunicou a demissão de Constantino:

"Diante do ocorrido nesta quarta-feira em uma live independente promovida fora de nossas plataformas por um de nossos comentaristas, o Grupo Jovem Pan esclarece que desaprova veementemente todo o conteúdo publicado nos canais pessoais e apresentado nessa live."

"Reafirmamos que as opiniões de nossos comentaristas são independentes e necessariamente não representam a opinião do Grupo Jovem Pan. No caso de Mariana Ferrer, defendemos que a vítima não deve ser responsabilizada pelos atos de seu agressor, apesar do respeito que todos nós devemos ter às decisões judiciais", continua o comunicado.

"Em consequência do episódio, na tarde desta quarta-feira (4/11) Rodrigo Constantino foi desligado de nosso quadro de comentaristas", finaliza a Jovem Pan.