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Mauricio Stycer

"Acho que a gente andou para trás, em vez de avançar", diz Laura Cardoso

"Uma das coisas mais importantes de um país é a cultura, precisam entender isso", disse Laura Cardoso a Bial  - Reprodução
"Uma das coisas mais importantes de um país é a cultura, precisam entender isso", disse Laura Cardoso a Bial Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

14/11/2020 11h41

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Em mais uma ótima entrevista da série com figuras importantes da história da televisão brasileira, Pedro Bial deu voz a Laura Cardoso na madrugada deste sábado (14). A atriz de 93 anos apareceu com o braço esquerdo engessado, resultado de uma queda recente, mas lúcida e perspicaz.

"Não entendo muito (de política), mas acho que está um terror, acho que a gente andou um pouco para trás, em vez de avançar", disse ao apresentador. "Uma das coisas mais importantes de um país é a cultura, precisam entender isso", pediu.

Em tom de homenagem, Bial exibiu três depoimentos de peso sobre Laura: de Lima Duarte ("quero falar da Laura que há em mim"), Fernanda Montenegro ("amada Laura, a cultura é a nossa vida") e Tony Ramos ("ela vai hiperpreparada para o estúdio"), que relembraram momentos com a atriz.

Com 78 anos de carreira, Laura falou bastante sobre o seu ofício. "Eu amo... Eu estou nisso há mil anos...", disse rindo. "Eu amo a minha profissão. A vida de atriz foi perfeita pra mim, foi maravilhosa, foi limpa, foi bonita".

Após ouvir Fernanda Montenegro, ela disse: "Sou uma desesperada pela arte de interpretar, uma louca. Amo representar, amo ver a Fernanda representar".

O programa exibiu generosos trechos de Laura atuando em novelas da TV Tupi na década de 1970. Ela está Globo desde 1981 ("Brilhante"). Bial lembrou também que a atriz dublou por muito tempo a voz da Betty, mulher de Barney, nos "Flintstones".

E, por fim, exibiu um trecho antológico do filme "Terra Estrangeira" (1995), de Daniela Thomas e Walter Salles, no qual a personagem vivida por Laura morre após ouvir a então ministra Zelia Cardoso de Mello explicar o confisco da poupança, em 1990.

"Me falaram que não pode falar de aposentadoria com você", disse Bial no fim da entrevista. "Não! Aposentadoria você morre. Não!", respondeu Laura.