SBT critica Mourão por fala sobre racismo, mas depois muda de ideia
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O vice-presidente Hamilton Mourão ganhou protagonismo na sexta-feira (20) no noticiário sobre a morte de João Alberto Silveira Freitas, agredido com crueldade por dois seguranças de uma loja do Carrefour.
Questionado se o espancamento covarde representava um caso de racismo, Mourão afirmou: "Digo com toda a tranquilidade: não existe racismo no Brasil. É uma coisa que querem importar, mas aqui não existe."
A frase ecoou em todos os telejornais. No "Jornal da Band", o âncora Eduardo Oinegue criticou duramente o vice-presidente. "General, o senhor tem certeza de que não existe racismo? Como é que a gente explica que metade dos brasileiros são negros e pardos, mas aí a gente vai olhar a população carcerária e dois em cada três presos são negros. Não tem racismo, general?"
No "SBT Brasil" os âncoras Marcelo Torres e Marcia Dantas fizeram cara de espanto ao apresentarem a notícia. No site do telejornal, como escrevi, o título do vídeo que destacou a fala do vice-presidente foi: "Mourão afirma, erroneamente, que não existe racismo no Brasil".
Na manhã deste sábado, a crítica contundente a Mourão foi excluída do site (veja acima). Sumiu o "erroneamente" e ficou apenas um registro seco, sem adjetivo, da fala do vice-presidente.
Procurado no início da tarde para explicar o que houve, o SBT respondeu: "A retirada da palavra 'erroneamente' do título da matéria em nada alterou seu conteúdo".
Histórico da emissora
Silvio Santos, dono do SBT, gosta de argumentar que, por ser uma concessão pública, o seu canal não deve questionar o governo, qualquer governo. De Médici a Bolsonaro, Silvio fez afagos a todos os presidentes desde 1970.
Em abril, ao negar que tenha sugerido ao presidente Bolsonaro o nome de um médico para o lugar de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde, Silvio disse: "A minha concessão de televisão pertence ao governo federal e eu jamais me colocaria contra qualquer decisão do meu 'patrão', que é o dono da minha concessão. Nunca acreditei que um empregado ficasse contra o dono, ou ele aceita a opinião do chefe, ou então arranja outro emprego".
Em abril de 2017, Silvio foi confrontado por Rachel Sheherazade no Troféu Imprensa. Era governo Temer, então. Ela lamentou que não podia mais opinar no "SBT Brasil". "Quando você me chamou foi para dar minha opinião".
O dono da emissora respondeu de primeira: "Não, eu te chamei para você continuar com a sua beleza, com a sua voz. Foi para ler as notícias no teleprompter, não dar a sua opinião. Você foi contratada para ler notícias, não foi contratada para dar a sua opinião. Se você quiser fazer política, compra uma estação de televisão e vai fazer por sua conta". Ou seja, só Silvio pode fazer política em sua emissora.
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