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Mauricio Stycer

Adriana Araújo descreve em livro a luta da filha que nasceu "diferente"

A jornalista Adriana Araújo está publicando um livro sobre a história de sua filha, Giovanna - Instagram/Adriana Araújo
A jornalista Adriana Araújo está publicando um livro sobre a história de sua filha, Giovanna Imagem: Instagram/Adriana Araújo

Colunista do UOL

23/11/2020 06h01

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Quem conhece Adriana Araújo apenas da TV vai se surpreender, e muito, com "Sou a Mãe Dela", livro recém-lançado no qual ela narra a saga de Giovanna Araújo, sua filha, nascida com uma deformidade ortopédica rara e de efeitos muito dolorosos.

Num relato muito pessoal, e frequentemente emocionante, Adriana descreve passo a passo, como diz o subtítulo, "a história da menina que lutou para caminhar, desafiou preconceitos e mudou a minha vida".

Adriana tinha 25 anos quando Giovanna nasceu. Criou a filha sozinha. "Por isso, o que você lê nestas páginas é apenas o relato de uma mãe. Uma mãe e sua menina. Porque assim foi".

A menina nasceu com hemimelia fibular, um problema congênito, sem causa determinada. Em termos simplificados, nasceu sem um osso de sustentação da perna direita, a fíbula (perônio), além de várias outras complicações, como apenas dois dedos na mão direita. Passou por dez cirurgias, desde bebê até os 16 anos.

Deixe a caixa de lenços por perto durante a leitura. Adriana descreve em detalhes as muitas lutas da menina em hospitais, o diagnóstico errado de um médico, que recomendou amputação, e a comovente dedicação de diferentes pessoas em apoio.

Adriana nunca aceitou chamar a filha de "deficiente". Também rejeitou chamá-la de "especial". "Mas compreendo as mães que recorrem a ela (a palavra 'especial') para aliviar o peso do rótulo". Da mesma forma, sempre rejeitou que tivessem pena dela. Seu mantra era: "Tadinha, não!"

A jornalista preferiu a palavra "diferente". "Minha filha nasceu com uma diferença física", diz. "A palavra é minha, senhor juiz. Igual. Porque somos todos diferentes e tão iguais", defende.

De origem humilde, Adriana conta que foi a primeira pessoa da família materna e a segunda da paterna a conseguir um diploma universitário. Começou em 1995 como repórter da TV Globo em Belo Horizonte e, depois, foi transferida para Brasília.

Em 2006, foi convidada pela Record para apresentar o principal telejornal da emissora com o triplo do salário que recebia na Globo. Ela conta que teve muitas dúvidas antes de aceitar o novo cargo.

"Hoje vejo o quanto a dor da mudança de trabalho me consumiu, Mas não era uma questão de múltiplas escolhas. Escolhi a minha filha. Escolheria de novo". Era em São Paulo que Giovanna teria que fazer uma etapa importante do caro tratamento a que estava se submetendo.

Adriana esteve à frente do "Jornal da Record" em dois períodos (2006-2009 e 2013-2020). Também foi repórter especial, correspondente e uma das apresentadoras do "Domingo Espetacular". Hoje apresenta o "Repórter Record Investigação"

Adriana Araujo capa do livro - Reprodução  - Reprodução
"Sou a Mãe Dela" (Globo Livros, 228 páginas, R$ 38). Adriana Araújo informou que doará todos os royalties do livro para o tratamento de crianças carentes com hemimelia fibular.
Imagem: Reprodução

A jornada de Giovanna, tal como narrada por Adriana, tem um primeiro final feliz depois da última cirurgia, que a deixou completamente autônoma - correr, dançar, andar de bicicleta hoje são coisas bem triviais para ela, conta a mãe.

O segundo final feliz ocorre em dezembro de 2017, quando mãe e filha veem juntas, na tela do celular, o resultado do vestibular. Giovanna passou para a faculdade de medicina da Santa Casa de São Paulo, uma das melhores do pais.

É quando Adriana descobre que ainda tem um grande desafio pela frente: conseguir luvas de látex para a filha poder participar das aulas práticas na faculdade. É outra longa, angustiante e dura jornada até encontrar um fabricante disposto a desenvolver uma luva sob medida para a mão direita de Giovanna.

Só então a jornalista considera ter concluído a sua missão. E diz isso de forma linda: "Foi da força daquela menina que me fiz a mãe forte que ela acredita ter. Sei o quanto me alimentei dela. Sei que tentei entregar de volta a melhor mãe que pude ser. Sei que nos alimentamos uma da outra, até que em muitos momentos parecemos apenas uma. Mas somos duas, e é isso que precisamos aprender a enxergar a partir de agora".

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