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Mauricio Stycer

Qual é o problema do merchan em um programa de entrevistas

Isabelle Drummond fez ação de merchandising de uma marca de creme dental durante entrevista no "Conversa com Bial"  - Divulgação/Globo
Isabelle Drummond fez ação de merchandising de uma marca de creme dental durante entrevista no 'Conversa com Bial' Imagem: Divulgação/Globo

Colunista do UOL

06/12/2020 06h01

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Isabelle Drummond foi entrevistada do "Conversa com Bial" esta semana. Trabalhando como atriz desde os 6 anos, ela contou algumas histórias de sua carreira. Mas o principal motivo de sua participação só foi revelado depois de 22 minutos de entrevista: uma ação de merchandising de uma marca de creme dental.

No momento em que Bial levantou o assunto, foi inserida uma trilha sonora especial e a marca apareceu na tela. Por dois minutos, o apresentador e a atriz falaram sobre as qualidades do produto.

Não é a primeira vez que o "Conversa com Bial" exibe ações publicitárias no meio de entrevistas. Em agosto de 2019, observei que o programa disfarçou a propaganda de um fabricante de cervejas. Posteriormente, em outro episódio, a ação de uma marca de cosméticos foi exibida de forma transparente.

Ao longo de 2020, Bial tem feito entrevistas com figuras relevantes na história de 70 anos da TV brasileira, como Fernanda Montenegro, Laura Cardoso, Lima Duarte, Tarcísio Meira e Gloria Menezes. A conversa com Isabelle Drummond poderia se enquadrar nesta pauta? Há controvérsias.

A jovem atriz, hoje com 26 anos, se consagrou fazendo a Emília em uma das versões do "Sítio do Picapau Amarelo" (2001-06). Também atuou em algumas novelas de sucesso, como "Cheias de Charme" (2012), mas está longe ainda de fazer parte do primeiro time.

A entrevista, além disso, deve ter sido gravada com muita antecedência e não mencionou, por exemplo, o fato de que Nicette Bruno, a Dona Benta no "Sítio", está hospitalizada em situação delicada por causa da covid-19.

Classificado como um programa de entretenimento, o "Conversa com Bial" está livre para fazer ações de merchandising, diferentemente de programas jornalísticos. Mas a atração, desde o início, tem se mostrado muito mais perto do jornalismo do que do entretenimento. E isso é uma qualidade, como já se viu inúmeras vezes, em especial no caso João de Deus.

O problema principal de uma ação de publicidade no "Conversa com Bial" é que levanta justamente a dúvida se a entrevista seria realizada caso não houvesse interesse comercial por trás.

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