Após rejeição da Netflix, Porta dos Fundos propõe filme sobre intolerância
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Lançado na quinta-feira (10), o especial "Teocracia em Vertigem" é um falso documentário que busca explicar "a verdadeira história por trás do golpe que levou à crucificação de Jesus Cristo".
Paródia de "Democracia em Vertigem", de Petra Costa, que trata do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o filme do Porta dos Fundos é basicamente um tratado sobre intolerância - política, religiosa e de costumes.
"Baseado em fatos reais e atuais", o especial encontra muitos pontos de contato entre a história de Jesus e o Brasil de 2020.
Judas, por exemplo, pede mais compreensão pela opinião do outro. "E se a minha opinião for que Jesus tem que ser entregue para ser torturado e assassinado, essa é a minha opinião. Vamos respeitar. Mas não! Agora quem me cancelar. Tá na moda cancelar".
Uma testemunha ouvida, apresentada como "cidadão do bem", justifica o fato de o povo ter escolhido a libertação de Barrabás e a não de Jesus desta forma: "O cara é assassino, mas pelo menos não é defensor de puta".
Na aparência, "Teocracia em Vertigem" não prima pela sutileza, o que é compreensível. São tempos difíceis para a prática da ironia. Ainda assim, há uma camada de crítica menos óbvia neste especial - e é dirigida não apenas a quem atacou o Porta dos Fundos pelo especial "A Primeira Tentação de Cristo" (2019), como também a quem silenciou sobre a violência.
"A Primeira Tentação de Cristo", que apresentou um Jesus Cristo gay, foi o segundo filme de uma parceria com a Netflix. O primeiro, "Se Beber, Não Ceie" (2018), ganhou o Emmy Internacional.
Em dezembro de 2019, uma semana antes do atentado a bomba na sede do Porta dos Fundos, no Rio, o jornal "O Globo" informou que o serviço de streaming e a produtora já haviam acertado a realização de um terceiro especial de Natal para 2020. Mas isso não ocorreu.
"A Primeira Tentação de Cristo" chegou a ser censurado pela Justiça, mas a Netflix revogou a decisão no STF. Além do ataque à sede da produtora, grupos religiosos e conservadores promoverem campanhas de cancelamento de assinatura do serviço de streaming.
O impacto desta reação ao filme foi tão grande que a Netflix nem o inscreveu no Emmy e abriu mão de produzir o especial programado para 2020.
Ao lançar esta semana "Teocracia em Vertigem", o CEO do Porta dos Fundos disse que a decisão de não continuar com a Netflix foi do próprio grupo: "Este é um projeto com o DNA do Porta, por isso optamos por voltar ao nosso canal do YouTube, que tem quase 17 milhões de inscritos. Foi para valorizar a nossa audiência", disse Christian Rôças.
Abaixo, um trailer do filme:
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