Documentário resgata perseguição da ditadura ao jornalista Helio Fernandes
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O jornalista Helio Fernandes tem duas datas de nascimento: 17 de outubro de 1920 e 11 de janeiro de 1921. É esta segunda que está sendo considerada a oficial para as comemorações do seu centenário.
Jornalista desde os 18, trabalhou em "O Cruzeiro", "Diário Carioca", rádio Mauá e "Manchete", entre outros, mas foi na "Tribuna da Imprensa" que fez o seu nome. Em 1962, Helio adquiriu o jornal, que pertencia ao amigo Carlos Lacerda (1914-1977), e permaneceu à frente da publicação até 2008, quando encerrou suas edições impressas.
Como outros jornais, a "Tribuna da Imprensa" foi alvo de vigilância, censura e proibição de circulação durante a ditadura (1964-1985). Crítico do regime, Helio teve os seus direitos políticos cassados e foi preso ou detido para interrogatórios dezenas de vezes no período.
Em 1967, sem condenação judicial, foi enviado a Fernando de Noronha para um período de confinamento. O motivo teria sido um artigo com críticas ao ex-presidente Castelo Branco (1897-1967), que morreu meses após deixar a presidência.
Ao final de um mês, o governo militar decidiu manter Helio confinado, mas em outro local, em um quartel em Pirassununga (SP), onde passou mais 30 dias.
Nascido nesta cidade, o jornalista Mario Rezende sempre ouviu falar da história do confinamento de Helio, até que resolveu reconstituí-la. O resultado é o documentário "Confinado", com 30 minutos, lançado no You Tube.
Rezende, que trabalha na Band e tem passagens por Globo, SBT e Record, ouve os depoimentos de Helio, de familiares e de pessoas que conviveram com o jornalista durante o confinamento, em Pirassununga.
Irmão de Millôr Fernandes (1923-2012), Helio registrou o duplo período de confinamento no livro "Recordações de um Desterrado em Fernando de Noronha" (disponível em sebos). Lúcido aos 100 anos, o jornalista segue afiado e combativo, escrevendo comentários de análise política em seu perfil no Facebook.
Abaixo, o documentário de Mario Rezende.
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