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Mauricio Stycer

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Leifert muda de ideia e agora elogia o BBB por debater discriminação racial

BBB 21: Tiago Leifert fala sobre colorismo - Reprodução/Globoplay
BBB 21: Tiago Leifert fala sobre colorismo Imagem: Reprodução/Globoplay

Colunista do UOL

05/02/2021 23h46

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Tiago Leifert foi alvo de muitos protestos em 2018, quando escreveu um artigo na revista "GQ" criticando um atleta de futebol americano que protestou contra a forma como a polícia trata os negros nos EUA.

"Evento esportivo não é lugar de manifestação política", era o título do texto. "Acho também que temos de respeitar os espaços destinados à diversão, senão nosso mundo vai ficar ainda mais maluco", escreveu.

O artigo foi publicado em fevereiro, durante o "BBB 18". Naquele mesmo mês, ao anunciar a eliminação de Nayara com recorde de rejeição, o apresentador do programa criticou a jornalista negra por ter falado sobre discriminação e racismo no programa.

Três anos depois, em fevereiro de 2021, Leifert deu um giro de 180 graus e elogiou o "BBB" por ser um programa que discute assuntos que dizem respeito à realidade dos espectadores.

"Como vocês sabem, a casa do Big Brother Brasil muitas vezes é palco de discussões importantes que estão acontecendo na nossa sociedade agora. Às vezes, a forma como isso acontece lá dentro é polêmica. Mas mesmo assim a gente gosta de olhar como uma oportunidade. Uma oportunidade de levar pra vocês assuntos relevantes", disse ele nesta sexta-feira.

E qual foi este assunto? "Nesta madrugada o assunto levantado foi colorismo. Colorismo é quando o tom da pele determina como uma pessoa negra vai ser tratada", explicou, antes de exibir um VT no qual Nego Di, em conversa com Karol e Lumena, diz que Gilberto não pode se considerar uma pessoa negra.

"Pode dizer que é muçulmano, negro não. Ele tem cabelo liso. Teve alguém que disse pra esse cara que ele é preto e ele acreditou", opinou Di. "Ele pode ter alguém, um vô, uma vó [negros]. O racismo só sofre quem é da nossa cor, o policial não te para porque tua mãe é negra. Ele é um pouquinho sujinho. Se esfregar bem...", disse.

Ao final, Leifert ensinou: "Do ponto de vista do IBGE, que faz o nosso censo, o que vale mesmo é autodeclaração. Para o nosso país, na hora do censo, a pessoa é que declara qual é a cor da pele dela".

Não deixa de ser curioso ver a mesma pessoa que disse que "evento esportivo não é lugar de manifestação política", hoje reconhecer que um programa de entretenimento "muitas vezes é palco de discussões importantes que estão acontecendo na nossa sociedade agora."