Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Onde Bial enxerga campanha contra ele, vejo apenas crítica de TV
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Há um aspecto positivo no texto mal-educado que Pedro Bial publicou na "Folha" na tarde de domingo (18) com ofensas a mim, mesmo sem ser citado nominalmente, e ao UOL. Trata-se da constatação, que me deixa realmente feliz, que uma crítica de televisão em sentido estrito ainda gere debate e discussões no Brasil.
Infelizmente, porém, a qualidade da contestação de Bial deixa muito a desejar. O apresentador busca explicar por que disse numa TV pública ligada ao governo do Estado de São Paulo, durante o "Manhattan Connection", que só entrevistaria o ex-presidente Lula com um detector de mentiras. Em coluna no UOL, classifiquei o comentário como "grosseiro".
No texto publicado pela "Folha", Bial informa que foi convidado a escrever pelo editor do jornal, de quem teria ouvido: "Acho que você está sendo vítima de uma campanha". O apresentador, então, emenda: "Faz sentido oferecer-me compensação, pois houve campanha, e foi desencadeada pelo UOL [portal que tem participação minoritária e indireta da Folha] a partir de colaboradores 'cheerleaders' do Twitter, que cravaram o adjetivo "grosseiro" como início de seu título caça-clique".
Campanha? Meu texto, publicado na quinta-feira (15), teve muita repercussão na internet. Uma parte considerável dos comentários que vi foi em apoio a Bial - e com críticas a mim e xingamentos a Lula. Algumas poucas figuras públicas, como o comediante Gregorio Duvivier, o influenciador Felipe Neto e o ator José de Abreu, criticaram Bial. O apresentador Danilo Gentili ironizou a minha visão.
Fiz uma crítica pontual a um comentário do apresentador da Globo em um texto com muita contextualização ao seu trabalho no "Conversa com Bial". Veja o texto aqui e aponte qualquer traço de "campanha" contra o jornalista.
Como disse, o texto provocou muito bate-boca, com elogios e ofensas ao apresentador. Acho inaceitável que Bial acuse ou culpe o UOL por "desencadear" esta suposta campanha.
O comentário de Bial sobre o portal não revela apenas ressentimento, mas muita desinformação. Qualquer jornalista mais atento reconhece o tamanho e a importância do jornalismo independente praticado pelo UOL. E sugerir que sou um "cheerleader", um animador de torcidas, no Twitter, fala mais sobre o ódio que ele nutre pelas redes sociais do que sobre a minha atividade nesta área.
Por fim, Bial quer ensinar ao crítico qual seria o adjetivo correto para qualificar o seu comentário sobre o "polígrafo" para Lula. "Grosseiro", já sabemos, não o agradou. "Mais honesto seria 'jocoso' ou 'irreverente', mas talvez não fosse tão chamativo", ensinou o apresentador, insistindo na ideia de que o termo "grosseiro" foi usado por mim para conseguir audiência para a coluna.
Não. Achei grosseiro mesmo o tratamento dado a Lula, como teria achado caso o apresentador se referisse assim a outros ex-presidentes. Uma grosseria gratuita.
Como de hábito, escrevi apenas o que senti e pensei. Tenho feito isso, nesta coluna no UOL, há mais de 11 anos. Já elogiei Bial e programas que ele apresentou inúmeras vezes. Também já critiquei o seu trabalho muitas outras vezes.
Neste período, me acostumei com a reação de pessoas com casca fina, muito sensíveis a críticas. Bial não está sozinho nesta.
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