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Record e Universal criticam omissão do governo Bolsonaro em crise em Angola
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A insatisfação da cúpula da Igreja Universal com o governo Bolsonaro, de quem é aliada, por causa da crise enfrentada pela instituição religiosa em Angola transbordou na noite desta sexta-feira (14) no "Jornal da Record".
Ao narrar a chegada ao Brasil de um segundo grupo de integrantes da Universal expulsos do país africano "em ações de perseguição religiosa e política", o apresentador Luiz Fara disse: "O Ministério das Relações Exteriores, que deveria proteger os brasileiros em Angola, falhou na missão. E o governo brasileiro também foi omisso, e não atuou de forma ativa para evitar a deportação dos missionários".
Em seguida, entrevistado no aeroporto, o bispo Renato Cardoso, responsável pela Igreja Universal no Brasil e genro de Edir Macedo, reiterou a crítica: "O que mais nos indigna não é o que está acontecendo lá em Angola. É a ausência de autoridades brasileiras para interceder pelos pastores, pelos brasileiros em um país estrangeiro. Até quando o governo brasileiro vai ficar calado, passivo, diante desta situação?".
Cardoso lembrou o apoio da Igreja Universal ao governo Bolsonaro e reclamou: "[O governo] já deveria estar fazendo cumprir os seus tratados internacionais com a Angola. Esse é o protesto, especialmente do povo cristão, do povo católico, do povo evangélico, que apoiou esse governo, faz parte da base do governo. Mas, agora recebe em troca uma omissão. É muito triste e decepcionante para o povo cristão no Brasil".
Histórico da crise
A expulsão dos brasileiros é parte de mais um capítulo do embate entre a direção brasileira da Universal (fundada e liderada pelo bispo Edir Macedo), e bispos e pastores angolanos que se rebelaram, desde o final de 2019, passando a contestar o comando geral da igreja.
A maioria dos religiosos angolanos da Universal decidiu romper definitivamente com a direção brasileira. Em junho do ano passado, o grupo assumiu o controle da quase totalidade dos 400 templos da igreja no país.
Na Justiça, os novos líderes da Universal acusaram a direção brasileira da igreja de vários crimes, entre eles racismo, fraudes, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, expatriação de capitais e imposição de vasectomia aos pastores.
Na disputa com os angolanos, Edir Macedo buscou até a ajuda de Jair Bolsonaro. Pediu ao presidente da República para tentar interceder junto às autoridades de Angola. Bolsonaro enviou uma carta ao colega João Lourenço reivindicando um "tratamento adequado" aos brasileiros e à Universal. Mas não adiantou. As decisões do governo de Angola têm sido sempre favoráveis aos líderes locais.
A Universal se diz vítima de "um golpe religioso", e acusa os novos líderes angolanos de serem "ex-pastores e bispos dissidentes afastados por envolvimento em denúncias e irregularidades", como "roubo, extorsão, adultério e até atentado contra menor de idade". Para a direção brasileira, também estariam por trás desse movimento pessoas com supostos "interesses financeiros, religiosos e até políticos"
A Record teve suas atividades suspensas em Angola no dia 19 de abril, e a razão apontada foi o fato de a emissora ser dirigida no país por um estrangeiro, quando a lei local exige que a função seja exercida por um angolano.
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