Novo 'Super Mario' quebra 'maldição dos games' nos filmes com entusiasmo

É ele, o Mario. O personagem, que divertiu gerações nos videogames, finalmente chega à tela grande com uma boa adaptação. "Super Mario Bros.: O Filme" é uma das estreias dos cinemas nesta semana de feriado prolongado, e promete entregar um bom entretenimento para as famílias.

E isso não é um exagero: a essa altura de sua fama, o encanador bigodudo é adorado por avós, filhos e netos.

No entanto, o que os mais velhos se lembram mesmo é de um antigo "Super Mario Bros.", lançado em 1993 e que nos anos seguintes foi figurinha repetida na Sessão da Tarde, da Globo. Por muito tempo, aquele era um grande exemplo de como longas-metragens baseados em jogos eletrônicos não davam certo.

Mas isso é passado. O Na Sua Tela traz nesta semana uma curadoria de filmes baseados em games que são, sim, bons - ou que, apesar dos problemas, ainda são memoráveis. A curadoria está na parte final da coluna.

Antes você encontra sugestões de novos longas-metragens que estreiam nos cinemas. Por causa da Páscoa, a agenda está lotada: além de "Super Mario Bros.", tem também "Air: A História por Trás de um Logo" (sobre a concepção do Air Jordan) e Russell Crowe como "O Exorcista do Papa".

O que tem de novo nos cinemas?

Super Mario Bros.: O Filme

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O que tem de bom? Criado em 1981 por Shigeru Miyamoto, Mario é um dos mais prolíficos personagens dos videogames. Já foram mais de 200 jogos estrelados pelo encanador do Brooklyn, indo daquelas clássicas aventuras de rolagem lateral às corridas de kart, passando por partidas de tênis e pintura. O que "Super Mario Bros.: O Filme" faz é ficar na zona de conforto, juntando todas essas referências diferentes em um mesmo caldeirão para criar uma história que cative todos os espectadores com o chamado "fan service" (quando os fãs recebem exatamente aquilo que estão querendo). Ainda assim, o roteiro consegue ser coeso - o que por si só é uma vitória. Tudo isso é embalado com uma animação bem-feita (assinada pela Illumination, de "Minions"), por personagens carismáticos e diálogos redondos. No final das contas, entrega uma boa (e acelerada) diversão para assistir em família.

Air: A História por Trás do Logo

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O que tem de bom? Todo mundo conhece Michael Jordan, um dos maiores - se não o maior - jogador da história da NBA, a liga profissional dos EUA. Porém, uma das histórias de sucesso envolvendo o ex-atleta é de fora das quadras: a criação da Air Jordan, uma linha de calçados bilionária. "Air: A História por Trás do Logo" relata como a Nike, até então com pouca tradição em calçados de basquete, teve um misto de sorte com competência e apetite ao risco para criar algo tão icônico. Ok, essa descrição pode parecer chata, mas o filme não é: o diretor Ben Affleck (vencedor do Oscar por "Argo") cria uma espécie de conto de fadas do marketing, com personagens interessantes e cheio de momentos "aha!", onde ideias desenvolvidas por meses na vida real são transformadas em sacadas geniais na ficção. Matt Damon está à vontade como Sonny Vaccaro, um dos grandes responsáveis por fazer o acordo acontecer, e Viola Davis está ótima (como sempre) no papel da mãe de Michael, Deloris Jordan. É tão redondo e envolvente que até esquecemos que tudo isso só deu certo porque, em quadra, MJ pulverizou todas as marcas e conquistou nada menos que seis títulos para o Chicago Bulls. Melhor garoto-propaganda não há.

O Exorcista do Papa

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O que tem de bom? Na vida real, o padre Gabriele Amorth foi o exorcista do Vaticano e afirma ter executado mais de 50 mil rituais do tipo durante a sua vida - sobre os quais escreveu diversos livros. Amorth morreu em 2016 e agora essas obras inspiram "O Exorcista do Papa". De certa forma, o longa lembra "Invocação do Mal": os relatos verdadeiros são apenas um pretexto para criar algo que segue os clichês e fórmulas do terror supernatural. Aqui, a história é sobre uma família americana que vai morar em uma abadia mal-assombrada, em um local da Espanha com ligações nefastas com a Santa Inquisição e com o passado sombrio da Igreja Católica. Amorth então é enviado pelo papa para acabar com os demônios, incluindo cenas ao estilo de "O Exorcista". O diferencial, mesmo, é Russell Crowe: no papel do padre protagonista, o ator está incrivelmente à vontade, se divertindo com cada cena. É como se cada diálogo ganhasse uma nova camada, entre o humor e o terror, dando um ar divertido para um filme que deveria ser aterrador. Tudo isso se perde bastante no final, mas fica o gancho para mais continuações - como se tornou habitual em Hollywood.

Broker: Uma Nova Chance

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O que tem de bom? O diretor Kore-eda Hirokazu é uma das mais interessantes vozes do cinema atual. Afinal, ele consegue como poucos pegar o pior das pessoas para revelar o melhor delas. Desta vez, os temas são maternidade e adoção: por que uma mãe abre mão de um filho? E qual é o peso e a dor de viver sem saber a sua origem, ou mesmo com a sombra da rejeição? Para procurar essas respostas o cineasta nos apresenta Ha Sang-hyeon (Song Kang-ho, de "Parasita") e Dong-soo (Gang Dong-won), dois homens com problemas financeiros que sequestram recém-nascidos abandonados para vendê-los para pais que podem pagar. Se por um lado eles fazem isso por dinheiro, por outro acabam dando um futuro para crianças que ficariam esquecidas na burocracia estatal. Nisso eles encontram Moon So-young (Lee Ji-eun, atriz e cantora mais conhecida pelo nome de palco IU), uma mãe com um passado sombrio - ao mesmo tempo em que são investigados pela por uma dupla de policiais (Bae Doona e Lee Joo-young). Resumindo: "Broker" é tocante, envolvente e emocionante.

Quem disse que games não rendem bons filmes e séries?

É um lugar comum dizer que não existem bons filmes e séries baseados em jogos eletrônicos de sucesso. Por muito tempo isso foi verdade, mas as coisas mudaram.

No passado, essas adaptações foram vítimas de uma verdadeira desconexão de Hollywood com a indústria de videogames. Faltava, basicamente, uma compreensão do material original, de sua importância e de seu público. O grande exemplo é o primeiro "Super Mario Bros.", de 1993: a ideia inicial era criar algo sombrio, ao estilo de "Batman" de 1989. Porém, a insegurança dos produtores, a falta de rumo e limitações técnicas da época resultaram em algo frankenstein, que não sabia se era para adultos ou crianças.

Até mesmo os sucessos eram moderados. "Mortal Kombat", o de 1995, entrega uma aventura interessante baseada no jogo de luta, apesar do orçamento. Era fácil, também: o game é livremente inspirado em um bom filme de kung fu estrelado por Bruce Lee, chamado "Operação Dragão" (1973). Bastava adicionar os novos elementos.

Foram dois os grandes fatos que ajudaram a mudar as coisas. O primeiro é que muitos que se divertiram com games a partir dos anos 1980 cresceram e, hoje, trabalham na indústria audiovisual. São pessoas com uma melhor compreensão do material original, o que ajuda nas novas adaptações.

O segundo é que videogames são atualmente um setor do entretenimento extremamente consolidado, que gira muito dinheiro e possui uma legião de fãs. Em tempos onde a sétima arte precisa de franquias estabelecidas para justificar grandes investimentos com menor risco, os jogos oferecem marcas já testadas e consolidadas.

A isso se soma o fator nostalgia, temperado com as conquistas mais recentes da computação gráfica. Pronto, o cenário atual está formado.

Talvez o maior exemplo dessa atual fase seja "Sonic: O Filme". Explorando o famoso personagem da Sega, a Paramount Pictures se empenhou ao máximo para entregar o que os fãs queriam. Quando eles desaprovam o visual do personagem no primeiro trailer, o estúdio trabalhou dobrado para corrigir o problema antes da estreia. O resultado: um longa divertido, que funciona para as crianças e os adultos nostálgicos. Já ganhou até uma continuação.

Descobriu-se também o filão dos títulos adultos, afinal videogames não são coisa apenas para crianças. "Halo", série baseada na famosa franquia do Xbox, é competente. Já "The Last of Us", estrelado por Pedro Pascal, se transformou em um grande sucesso de crítica e de público com uma história que vai além dos zumbis, entregando uma trajetória com diversas camadas e representatividade.

Nesse sentido, vale destacar "Um Lobo Entre Nós". A comédia de terror, que tem classificação indicativa para maiores de 16 anos, é baseada em "Werewolves Within". A premissa é simples, porém efetiva: um grupo de pessoas fica presa em uma pousada durante uma grande nevasca apenas para descobrir que um deles é um lobisomem.

O ponto fora da curva, mesmo, é "Pokémon: Detetive Pikachu". Inspirado nos games da Nintendo, o longa tem uma premissa bem maluca - sobre um Pikachu que fala (com voz de Ryan Reynolds) e investiga um misterioso desaparecimento. Funciona, mesmo fugindo do que o público esperava ver.

Isso prova que o que vale é contar uma boa história - seja ela original ou uma adaptação fiel vinda de outra mídia.

Filmes e séries memoráveis baseados em games

Clique nos nomes das plataformas de sua preferência para acessar.

Um Lobo Entre Nós
Onde: HBO Max

Sonic: O Filme
Onde: aluguel e compra em Prime Video, Apple TV, Google Play, YouTube, Claro tv+

Sonic 2: O Filme
Onde: Telecine

Pokémon: Detetive Pikachu
Onde: HBO Max

Mortal Kombat (1995)
Onde: Prime Video

The Last of Us
Onde: HBO Max

Halo
Onde: Paramount+

Angry Birds: O Filme
Onde: Netflix

Tomb Raider: A Origem
Onde: Prime Video

Uncharted: Fora do Mapa
Onde: HBO Max

Produções sobre os bastidores dos games

Às vezes, os bastidores da criação dos videogames são mais interessantes até do que as suas próprias histórias. É o caso de "Tetris", recente lançamento do Apple TV+ - que foi o assunto na edição anterior da coluna. O longa é livremente inspirado no improvável relato do empresário que licenciou o quebra-cabeças eletrônico com os russo em plena União Soviética da Guerra Fria.

Confira essa e outras produções a seguir.

GDLK
Onde: Netflix

Indie Games: The Movie
Onde: aluguel ou compra em Apple TV

Tetris
Onde: Apple TV+

* O UOL pode receber uma parcela das vendas pelos links recomendados neste conteúdo. Preços e ofertas da loja não influenciam os critérios de escolha editorial. Já a disponibilidade e as datas de lançamento dos títulos são de responsabilidade de plataformas e distribuidores, podendo ser alteradas sem prévio aviso.