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'Barbie' se une a Beyoncé e Taylor Swift e abala a economia de países

Taylor Swift, Barbie e Beyoncé pintaram a economia de rosa em 2023 - montagem sobre reprodução
Taylor Swift, Barbie e Beyoncé pintaram a economia de rosa em 2023 Imagem: montagem sobre reprodução

Colunista do UOL

27/07/2023 04h00

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Uma explosão abalou os cinemas do mundo na última semana — e não foi a de "Oppenheimer". "Barbie", filme baseado na famosa boneca, conquistou uma grande marca financeira, pintando o mundo de rosa e até mexendo com a economia mundial.

Tal fato coloca a produção cinematográfica ao lado de Beyoncé e Taylor Swift em uma trindade feminina da cultura pop que está abalando as estruturas monetárias em 2023.

De acordo com o site Box Office Mojo, que compila as arrecadações dos longas-metragens e pertence à Amazon, "Barbie" já conquistou (até o fechamento deste texto) a impressionante bilheteria de US$ 382 milhões (R$ 1,8 bilhão) em todo o globo. Desses, US$ 188 milhões (R$ 889 milhôes) foram nos Estados Unidos.

Essa foi a maior abertura da história para um longa não estrelado por um super-herói ou sequência. No Brasil, foi a terceira maior estreia já registrada, atrás de "Vingadores: Ultimato" e "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa".

O primeiro impacto desse fenômeno foi nos próprios cinemas. Os exibidores nos EUA tiveram o quarto melhor fim de semana de sua história, em termos financeiros. Isso, é bom ressaltar, em um cenário que está longe de recuperar os números pré-pandemia e em um ano no qual a maioria dos blockbusters está faturando abaixo do esperado.

De acordo com a empresa de pesquisas The Quorum, em dado divulgado no podcast The Town, dois em cada dez espectadores da produção dirigida por Greta Gerwig afirmaram que estavam voltando aos cinemas pela primeira vez desde a covid-19.

A alta demanda transformou os ingressos em uma raridade. Segundo a plataforma Reclame Aqui, as queixas relacionadas à palavra "Barbie" mais do que dobraram em julho. O motivo principal foi a dificuldade em adquirir entradas.

O diretor Christopher Nolan nunca dará o braço a torcer, mas o seu "Oppenheimer" foi o grande beneficiado. Envolvido nesse acontecimento cultural chamado "Barbenheimer", o denso longa-metragem (que tem 3 horas de duração) quase dobrou as expectativas iniciais. A projeção era que o filme ficaria na marca dos US$ 45 milhões (R$ 212 milhões) de bilheteria nos EUA, mas fechou o primeiro fim de semana com US$ 82,4 milhões (R$ 390 milhões). Em todo o mundo, até o momento, a arrecadação é de US$ 209 milhões (R$ 988 milhões).

Tem mais: ainda de acordo com The Quorum, 6% dos espectadores americanos viram a história sobre o "pai da bomba atômica" apenas porque não havia mais ingressos para "Barbie". Estamos falando de quase US$ 5 milhões (R$ 23 milhões) só com as "sobras" de público.

Quem ficou de escanteio foi Tom Cruise. "Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1" teve uma queda de 64,6% no faturamento nos EUA durante o segundo fim de semana em cartaz, o maior na história da franquia. Isso, somado a uma decepcionante estreia na China, naufragou a produção.

Ao que parece, nem Ethan Hunt consegue superar a Barbie.

Pink money

Os feitos da pequena grande boneca não ficam restritos ao mercado cinematográfico. A personagem alcançou um novo nível de apogeu cultural nestes últimos dias.

Incontáveis fãs vestiram rosa para irem aos cinemas ou até mesmo para passeios ocasionais, enquanto os lojistas colocaram em suas vitrines os melhores looks com a cor — tudo para tentar faturar com o efeito manada.

Ainda é cedo para calcular os impactos do fenômeno, mas está chegando a um nível em que aquece a economia, estimulando o consumo. Vai do vendedor de pipoca à loja de colecionáveis.

Quem está sorrindo de orelha a orelha são os executivos da Mattel. Ao lado da parceira Warner Bros., a máquina de licenciamento da fabricante da boneca correu para dar conta do maior número possível de produtos derivados.

Há de tudo: lanchonetes de fast food temáticas, hambúrgueres, cafés especiais, donuts, esmaltes de unha, linhas de roupa, de calçados e muito mais. Tudo com o característico rosa-shocking, só que com Margot Robbie no lugar de Molly Ringwald.

Barbie - Divulgação/Warner Bros. - Divulgação/Warner Bros.
O filme 'Barbie' inspira uma diversa variedade de produtos, sejam eles licenciados oficialmente ou não
Imagem: Divulgação/Warner Bros.

Na pré-estreia do longa-metragem em São Paulo, que contou com a presença desta coluna de Splash, foram distribuídos brindes e realizados sorteios de alguns desses produtos para os mais de 1.300 presentes, que lotaram sete salas. A maioria foi convidada pelos parceiros de licenciamento.

O "pink money" já está jorrando. De acordo com o analista Drew Crum, da gestora Stifel, o lucro da Mattel em 2023 poderá crescer 10% apenas com esse sucesso do filme. A estimativa foi divulgada pelo Yahoo! Finance.

Com isso, as ações da empresa na bolsa acumulam um aumento de 15,6% no último mês, ainda que com uma correção nos últimos dias tenha derrubado um pouco os ganhos. Os investidores, como sempre, estão tentando realizar os seus lucros após uma estreia tão bem-sucedida.

Trindade do pop na economia

"Barbie", em certo nível, lembra os fenômenos recentemente causados por Beyoncé e Taylor Swift. As duas divas pop lançaram novas turnês neste ano, impactando diretamente na economia por onde passaram. Além de estimular o turismo, os shows também impulsionam o consumo.

De acordo com a QuestionPro, que faz pesquisas de mercado, The Eras Tour de Taylor Swift vai injetar US$ 5 bilhões (R$ 23,5 bilhões) na economia dos Estados Unidos. Isso é maior do que o produto interno bruto de 50 dos 216 países do mundo. Os dados são corroborados por um levantamento do banco central americano, que identifica um aquecimento no comércio das cidades por onde a cantora passou.

O caso da Beyoncé foi ainda mais surpreendente. Na Suécia, de acordo com economistas do país, a turnê da cantora teve impacto de 0,2 a 0,3 pontos percentuais na inflação. Tudo por conta do aumento de preço das estadias e dos ingressos dos shows.

Como podemos ver, a cor de 2023 (ao menos na economia) é mesmo o rosa.

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