O ousado plano de Dana White, UFC e WWE para criar uma 'fábrica de astros'
"Uma fusão incrível entre gigantes." É assim que Dana White define a união entre a companhia a qual preside, o Ultimate Fighting Championship (UFC), com a World Wrestling Entertainment (WWE). Anunciado em abril, o negócio foi efetivado nesta última semana. A partir de agora, estão sob o guarda-chuva de uma nova empresa — chamada TKO — a maior promotora de artes marciais mistas do mundo e a mais "encenada" das lutas profissionais.
O esforço combinado entre as duas "ligas" poderá criar uma espécie de ciclo virtuoso: a WWE fomenta fãs de lutas por meio de um entretenimento que lembra os filmes de super-herói, incluindo até vilões caricatos. Já o UFC recebe o público que busca ver algo verdadeiro e brutal, ainda que também crie o seu show fora do octógono.
Juntas, as duas forjam inúmeros famosos para terem suas imagens exploradas nas redes sociais, séries de TV, longas-metragens e comerciais - a serem representados pela WME, agência de talentos que pertence ao principal acionista da TKO. Nomes como Dwayne Johnson (de "Adão Negro"), John Cena ("Pacificador"), Dave Bautista ("Guardiões da Galáxia"), Randy Couture ("Mercenários"), Ronda Rousey ("As Panteras") e Conor McGregor (no ainda inédito "Matadora de Aluguel"), com maior ou menor grau de sucesso, fizeram essa transição dos ringues para a tela grande.
Em entrevista exclusiva a esta coluna de Splash, realizada em abril, Dana White contou que a colaboração entre os dois campeonatos é tão viável que já vinha acontecendo há anos, mesmo que sem ser oficial. Na prática, uma organização faz o lutador ficar conhecido por suas técnicas de combate, enquanto a outra pode ser um trampolim para, com sorte e competência, torná-lo ator ou atriz.
"Quando você pensa sobre isso, Brock Lesnar veio para cá e se tornou o campeão peso-pesado, Ronda Rousey foi para lá e está fazendo sucesso. Vimos estrelas indo e vindo, querendo se testar no UFC ou na WWE, então acho que essa sinergia sempre existiu".
Entretenimento e negócio
O novo empreendimento tem valor de mercado estimado em US$ 21 bilhões (cerca de R$ 104 bilhões, na cotação atual), e o seu maior ativo são os direitos de transmissão. Nos EUA, o UFC tem um lucrativo acordo de US$ 300 milhões por ano com a ESPN que vence em 2025. Já a WWE tem contratos com NBCUniversal e Fox somando US$ 500 milhões anuais e que se encerram em 2024. Com as negociações se aproximando, a TKO aposta em um aumento desses números.
Juntas, as duas marcas podem transformar os combates nos ringues em uma diversão para todos, das crianças aos mais velhinhos. E o melhor: não possuem atores e roteiristas (que estão, no momento, em greve nos EUA), além de não ficarem presos em temporadas ou a certas épocas do ano (com eventos sem parar).
Mas será que a união de produtos tão distintos - ainda que semelhantes em um primeiro olhar - não poderia ser nociva para as lutas reais ao deixar o público sem saber o que é verdade ou não? "Eu nunca confundiria esses limites", garantiu Dana White. "O UFC é absolutamente um esporte".
"Quando olho para a WWE, eu a vejo como entretenimento e sim, todos esses rapazes e garotas que estão lá são definitivamente atletas. Eles são muito atléticos nas coisas que fazem. Mas é roteirizado, é completamente diferente do que fazemos aqui.
"Me apunhalou pelas costas"
Tanto dinheiro fez com que, no passado, os dois promotores esportivos tivessem uma luta intensa pela atenção do público e na venda de pacotes de pay-per-view nos Estados Unidos. Agora, Dana White se mostra feliz em encerrar a briga.
"Não haverá mais nenhuma bateção de cabeça, como havia antigamente, entre mim e Vince McMahon", afirmou, mencionando o criador da WWE. McMahon (que você deve conhecer por conta de um famoso meme na internet) assumiu o posto de presidente do conselho administrativo da nova empresa. Os dois, agora, vão ter que trabalhar juntos.
"Vince McMahon me apunhalou pelas costas mais do que outra pessoa na história do mundo, sem motivo algum, apenas porque ele queria fazer isso. Então espero que esses dias tenham acabado."
Para os investidores e fãs, a declaração - feita em meio a risos - pode não trazer muita confiança, mas Dana White afirma que tudo dará certo. E assim, de forma ambiciosa e superar rusgas do passado, esse pessoal quer criar uma fábrica para superestrelas para um mundo do entretenimento dominado por super-heróis.
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Reportagem
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