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Racismo e imigração: a lista de livros favoritos de Kamala Harris

Kamala Harri - Jim Watson/AFP
Kamala Harri Imagem: Jim Watson/AFP

Colunista do UOL

10/11/2020 09h32

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Kamala Harris. Imediatamente após Joe Biden ser anunciado o 46º presidente dos Estados Unidos, a filha de indiana e pai jamaicano, negra, ex-procuradora-geral e agora a primeira mulher eleita para a vice-presidência dos Estados Unidos se tornou também uma figura pop. Vídeos novos e antigos, fotos, sorrisos, danças, discursos, notícias? Para onde se olha na internet, lá está Kamala Harris.

Formada em Direito, a californiana de 56 anos tem também um pé na literatura. Já escreveu livros discutindo pontos da justiça dos Estados Unidos ("Smart On Crime"), com pegada biográfica ("The Truths We Hold") e infantil ("Superheroes Are Everywhere") - esses últimos dois com uma cara danada de quem estava preparando terreno para disputar as eleições. Por ora, merecem mesmo atenção os livros que Kamala aponta como favoritos.

Em outubro de 2019, o "Book Riot", importante portal dos Estados Unidos com notícias, reportagens e análises do mundo dos livros, perguntou aos então pré-candidatos do Partido Democrata quais eram os títulos que tinham marcado suas vidas. Os cinco apontados por Kamala já foram publicados no Brasil, ainda que algumas edições sejam raras:

"A Canção de Solomon", de Toni Morrison (Best Seller): romance de 1977 que projetou a norte-americana vencedora do Nobel de Literatura de 1993, nele o leitor encontra uma série de personagens negros que vivem num país segregado e profundamente racista entre as décadas de 1930 e 1960. A Toni está nos gifs abaixo.

"O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa", que íntegra "As Crônicas de Nárnia", de C. S. Lewis (WMF Martins Fontes): parte da famosa série fantástica e cheia de simbologias do britânico C. S. Lewis, autor reconhecido pelo seu diálogo com o cristianismo. Nela, o leitor é apresentado a um mundo mágico cheio de tensões e conflitos entre espécies diferentes.

"O Caçador de Pipas", de Khaled Hosseini (Globo): drama que fez um sucesso tremendo em boa parte do mundo, inclusive no Brasil, narra a amizade de dois amigos afegãos que crescem juntos na década de 1970 e se reencontram nos anos 1990, após um deles ter imigrado para os Estados Unidos. No pano de fundo, a violenta (e cheia de intervenções) história do Afeganistão. Hosseini, o autor, define-se como um afegão-americano.

"O Clube da Felicidade e da Sorte", de Amy Tan (Rocco): conta a história de famílias chinesas que vivem em São Francisco e se encontram para relembrar passagens marcantes e manter vivas experiências e tradições do país de onde emigraram.

"Filho Nativo", de Richard Wright (Best Seller): romance sobre problemas de uma sociedade estruturada de forma racista, narra a história de um jovem negro que vive em Chicago nos anos 1930 e cuja vida degringola após matar uma mulher branca.

Numa outra lista, publicada pela própria Kamala em 2016 em sua página de Facebook, três dos favoritos se repetem: "Filho Nativo", "O Clube da Felicidade e da Sorte" e "O Caçador de Pipas". Além destes, fez parte da relação o "A Origem dos Meus Sonhos" (Gente), livro de memórias que Barack Obama publicou em meados da década de 1990, quando começava a fazer campanha para se tornar senador. "Ler é fundamental para o sucessos dos nossos filhos e uma forma divertida de passar o tempo", escreveu na rede social a hoje vice-presidente.

Pouco há de confiável sobre as preferências de Joe Biden, que ignorou a consulta do "Book Riot". O site, no entanto, apontou "Ulysses", de James Joice (Companhia das Letras), como um dos livros da vida do futuro presidente dos Estados Unidos.

Voltando à lista de Kamala, é bom ver ficções que tratam de temas como racismo, imigração e trocas culturais sendo indicadas como marcantes por uma das mulheres mais poderosas do mundo. Faz parte da construção da imagem escolher obras que transmitam preocupações e valores aos quais a política gostaria de estar associada, claro. Mas é um alento imaginar que a biblioteca de Kamala não é dominada por livros bajulatórios sobre sucesso empresarial (como no caso de Donald Trump) ou que em sua cabeceira não descansam as lorotas de um dos mais terríveis torturadores, como no caso do imitador tupiniquim do laranjão.

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