Maradona, Gabo, Cervantes e suas obras mais sublimes
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Desde que a indesejável notícia chegou, já nem sei mais quantas vezes revi Diego enfileirando ingleses para depois se eternizar. Quanto mais aprecio a cena, mais bonita fica. Mais brilhante fica. Mais encanto há. É o que acontece com obras magistrais.
Falar de Maradona sem lembrar da partida de 1986 seria o mesmo que escrever sobre Gabo ignorando "Cem Anos de Solidão" ou enaltecer Cervantes desprezando "Dom Quixote". Recordamos do gol com a mão divina, do gol deixando Johns no chão, porque recordamos de um momento singular da expressão humana.
Há quem despreze a capacidade do futebol nos embasbacar com o sublime. De nos fazer transcender. Paciência. Também há gente de alma bem pequena indiferente à literatura, ao cinema, à pintura… Sinto muito por essas pessoas.
Reconhecer a técnica de Diego Armando Maradona é pouco, muito pouco. Maradona tinha a magia, o incompreensível, o indizível. Carregava consigo o misterioso toque que faz algo deixar de ser um trabalho bem feito para alcançar outro patamar, se transformar numa outra coisa: uma arte arrebatadora.
Vejo pessoas discutindo quem foi melhor. Diego? Pelé? Messi? Esse papo flerta com a estupidez. O que importa mesmo é a capacidade de cada um deles encantar. De nos fazer admirar jogadas que beiram o inverossímil. O deleite - sempre subjetivo, sempre particular - que interessa. Deixemos números para lá, ocupemos nosso tempo com exaltações. A beleza não se explica com planilhas.
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