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Neil Gaiman incrédulo com brasileiros, Art Spiegelman… Apostas para a CCXP

"Sandman" - Reprodução
"Sandman" Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

30/11/2020 09h52

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O que acompanhar na edição de 2020 da CCXP Worlds, que acontecerá virtualmente entre os dias 4 e 6 de dezembro? A resposta na ponta dos dedos é: Neil Gaiman. Escritor, roteirista e quadrinista, autor de uma das HQs incontornáveis da história da arte - "Sandman" - e também de respeitável e badalada trajetória na literatura, com livros como "Deuses Americanos", "Coisas Frágeis" e "Mitologia Nórdica", o britânico está vivendo um momento peculiar com os brasileiros.

Enquanto segue admirado e festejado pela imensa maioria (e aqui lembro do grande momento que foi a vinda do cara para a Flip de 2008), alguns obtusos presos a truculências de séculos passados se queixam da pluralidade presente na obra e sublinhada nos posicionamentos públicos de Gaiman. Há até tuiteiro que tenha tentado explicar "Sandman" para o próprio autor, que desde então não esconde seu espanto. Talvez ele toque nesse assunto no painel Thunder Arena, como fez num recente papo com leitores (veja no vídeo abaixo).

Outro gigante que estará nessa CCXP virtual é Art Spiegelman, de títulos como "Co-Mix: A Retrospective Comics, Graphics, and Scraps" e "À Sobra das Torres Ausentes", este sobre os atentados contra os Estados Unidos em setembro de 2001. Seu trabalho mais famoso, "Maus", que lhe valeu o Pulitzer de 1992, não é apenas a obra máxima do próprio artista, mas também uma HQ que, tal qual "Sandman", tornou-se imprescindível para a compreensão da história dos quadrinhos. O relato sobre a perseguição aos judeus, os campos de concentração, os horrores do nazismo e os traumas deixados pela barbárie é o livro ideal para arremessar na cabeça de quem insiste na bobagem de que HQ é apenas coisa de criança - sim, ainda há seres com esse discurso.

Esses são nomes que estão no "lineup" da CCXP Worlds (que parece ter certo problema com palavras em português). Há mais nomes desse "lineup" para se destacar. Emil Ferris é autora do elogiadíssimo "Minha Coisa Favorita é Monstro". Fabien Toulmé, do corajoso "Não Era Você que eu Esperava", do cativante "Duas Vidas" e do necessário "A Odisseia de Hakim". Jeff Lemire, que parece lançar um livro por mês aqui no Brasil, tem uma veia reflexiva que me agrada bastante, elaborada em títulos como "O Soldador Subaquático" e "Apanhadores de Sapos". Dentre os brasileiros, Marcelo D'Salete, autor de "Cumbe" e "Angola Janga", é voz para ser ouvida sempre. Já Fido Nesti tem muito a dizer sobre a adaptação que acaba de publicar no Brasil e em mais de uma dezena de países de "1984", clássico de George Orwell.

Além disso, centenas de nomes participarão das mais de 500 mesas virtuais da "Artists' Valley", área da CCXP que agrupa uma imensidão de quadrinistas e ilustradores. Espaço mais pujante do evento, é nele que se reúnem desde artistas consagrados até autores em início de carreira, que ainda tateiam o próprio caminho. Vale dedicar algum tempo para dar uma boa olhada nos nomes da "Artists' Valley" de 2020.

Gente promissora, como Arthur Pigs, Thaïs Kisuki (criadora de "Olga, a Sexóloga) e as diversas mãos que formam a Mina de HQ, e nomes já estabelecidos, como a dupla Fábio Moon e Gabriel Bá, Cris Peter e Wagner William (que acaba de levar o Jabuti de Quadrinhos com "Selvagem", que é mesmo ótimo), merece a atenção do público. Bem como profissionais com importante olhar para a edição, como Raphael Fernandes e Janaina de Luna, e ícones de nossas HQs, como Angeli.

Formas de acompanhar a programação (e eventuais custos), lista de convidados e dinâmicas dos encontros e dos diferentes espaços estão no site da CCXP Worlds.

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