Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Na nossa distopia, '1984' como embalagem para celular é alívio cômico
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Milhares de pessoas tomaram ruas de cidades em todo o país para protestar. Pediam por vacinas e comida. Também pelo impeachment de Jair Bolsonaro. Em São Paulo, a marcha ocupou diversos quarteirões da avenida Paulista. Ainda assim, parte dos jornais mais importantes do país preferiu ignorar ou diminuir as manifestações. Numa mistura de delírio e ousadia, teve veículo apontando que a prorrogação do auxílio emergencial era a principal pauta reivindicada.
No Ministério do Meio Ambiente, um ministro que defende a devastação e trabalha firme para tal. Todo dia surgem vídeos e denúncias da tal boiada passando. Se funcionários públicos ligados a órgãos de proteção ambiental tentam fazer algo para, vejam só, defender florestas ou rios, acabam punidos.
Na Secretaria da Cultura, um secretário que vai para a Itália acompanhar a inauguração de uma exposição em homenagem à arquiteta Lina Bo Bardi, mas sequer tem o trabalho de pesquisar no Google quem foi e qual é a importância da figura. Em pouco tempo, também já ocuparam o cargo uma entusiasta abobalhada do peido do palhaço e um sujeito que emulou Goebbels. Alusões diretas ao nazismo e ao fascismo, aliás, viraram corriqueiras.
Ciência sufocada. Corte de verbas para o desenvolvimento de vacinas e cloroquina até para as emas (estas, mais razoáveis, recusaram o engodo). Menor orçamento para pesquisas das últimas duas décadas. Articulação aberta para que a Universidade Federal do Rio de Janeiro feche as portas.
A polícia parece ter virado braço armado do bolsonarismo. A milícia expande os negócios. Os militares estão satisfeitos. A promessa de fim das mamatas era tão real quanto as mamadeiras de piroca. É fardado vendo sua renda dobrar. É gasto crescendo 17% além do previsto. É verde-oliva ocupando cargo para tudo que é lado do governo. À mesa dos quartéis, a picanha, o bacalhau, o uísque e até a cerveja que andam bem distantes das casas de milhões de brasileiros. Enquanto isso, general da ativa que passou pelo Ministério da Saúde e deixou a pasta com milhares de mortos nas costas sobe em palanque político e nada acontece. Jair Bolsonaro e Forças Armadas são indissociáveis, esta é a verdade.
E a Copa América ainda cai nos braços desta joça afundada pela pandemia, pelo descaso oficial e pelas mentiras e alucinações que corroem cérebros que funcionavam relativamente bem até alguns anos atrás.
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