Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
'Jumento com Faixa': poemas e deboches contra governo de Bolsonaro
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"Assistindo como um desenho animado ao Jumento com Faixa/ Poderá ter um final que não seja o lixo enlameado chamado país/ Bosto e os três bostantos expulsos com faixas dizendo Nunca mais
Numa nau cheia de feno e amendoim vai a família/ Rumo ao Fim para felicidade geral da nação a ser recriada/ E o desenho animado para lembrar a gravidade do que já se passou"
Tem troça a Jair Bolsonaro chegando às livrarias.
É o presidente que está na mira dos poemas de "Jumento com Faixa: Deboches e Antiodes ao Fascismo", coletânea organizada pelos escritores Zeh Gustavo e Rafael Maieiro. Publicado pela Viés, dentre os 33 autores presentes no volume estão nomes como Alexandre Guarnieri, Amanda Vital, Luis Maffei, Manuela Oiticica. Thamires Andrade, Manoel Herzog e André Vallias (organizador e tradutor do ótimo "Poesia", de Bertolt Brecht, sobre o qual escrevi aqui; é de Vallias a imagem que abre esta coluna).
Por meio de poemas líricos, de protesto, satíricos ou visuais, a ideia da antologia é manifestar o luto e prestar uma homenagem "aos que tombaram e ainda tombarão", além de simbolizar o "enfrentamento artístico antifascista e libertário". Retiro os trechos entre aspas do material de apresentação de "Jumento com Faixa", mesmo nome do fragmento do poema de Guilherme Zarvos que inicia este texto.
Alguns momentos do livro merecem atenção. Em "Haikai Jumento com Faixa", por exemplo, Henrique Rodrigues recorre à história para trabalhar com o humor: "Desde Figueiredo/ Não vinha um presidente/ Horse concours". José Brandão versa sobre o descarte de antigos aliados de Bolsonaro em "O Capitão": "Você não serve mais, disse o capitão./ Despediu-se do assecla com um abraço/ e lhe cortou a garganta com uma navalha". Já Mariana Blanc confronta o doloroso presente com o futuro sombrio em "A Suasão do Caminho":
A luva de couro do patrono,
com fivela envelhecida,
não está no rol do que questiono,
mas vai me matar de ferida,
.
A cada vez que a mão se ergue
no arco longo do braço amigo,
um novo e assustador inimigo
da pilha de fantasmas removo.
.
O passado? Exu, esconjuro!
O futuro nunca foi tão soturno.
O presente, eu mesma suturo.
.
Em tempos sem história ou partilha,
nunca é demais manter a memória:
até família pode ser quadrilha.
José Henrique Calazans, por sua vez, joga com a lembrança da censura oficial:
O lançamento de "Jumento com Faixa" acontece no dia 4 de novembro, a partir das 18h, no Pequeno Museu Carioca, no Largo da Prainha, Saúde, Rio de Janeiro.
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