Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Faltou falar sobre estes bons livros em 2021
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Tem um tempo que aboli rankings de melhores leituras do ano. Já passo a vida indicando livros e alertando para eventuais ciladas, espero que as resenhas deem uma dimensão do que achei de cada obra.
Não venho escrever novamente sobre o que já escrevi, mas me traio de partida. Tenho estranhado a ausência de dois romances em listas de diversos veículos. "Temporada de Furacões", da mexicana Fernanda Melchor (Mundaréu), e "As Aventuras da China Iron", da argentina Gabriela Cabezón Cámara (Moinhos), merecem estar em qualquer relação plural do que de melhor chegou às livrarias brasileiras em 2021.
Fujo da minha própria seleção, porém não deixo de olhar para os encontros ao longo do último ano. Por motivos diversos, bons livros passaram semanas ou meses ao meu lado, esperando a vez de ganharem um espaço na coluna. Nem sempre rola. Trago, então, leituras relevantes feitas ao longo de 2021 que pouco ou nada apareceram por aqui.
Valem a pena os contos de "Como Usar um Pesadelo", de Bruno Ribeiro, e de "Estados Alucinatórios", de Eduardo Sabino, ambos publicados pela Caos e Letras. São dois autores brasileiros que dialogam com o que de melhor tem sido feito na literatura latino-americana de língua espanhola. O horror das histórias de Eduardo e Bruno se aproxima, em alguns momentos, do que encontramos no precioso "Terra Fresca da Sua Tumba", da boliviana Giovana Rivero (Incompleta), que chama a atenção pela quantidade de contrastes e rusgas culturais que apresenta em suas narrativas.
Título que já angariou uma porção considerável de fãs, "Os Supridores", de José Falero (Todavia), desliza num ponto ou outro, mas é mesmo um romance que merece ser lido com atenção. O turbulento e cheio de vinho "O Mais Sutil é a Queda", de Narjara Medeiros (7 Letras), deixou uma impressão muito boa. Comentei "Tempos Ásperos" numa coluna recente sobre quem gostaria de ver escrevendo um livro a respeito da vida de Bolsonaro no poder, mas sublinho também aqui: é um bom romance de Mario Vargas Llosa, que segue a linha (e fica degraus abaixo, é verdade) do primoroso "A Festa do Bode" (os dois saem pela Alfaguara).
Leitura gigantesca feita em 2021 foi a de "Meridiano de Sangue", um dos principais livros do estadunidense Cormac McCarthy (Alfaguara também). Há muito de "Butcher's Crossing", de John Williams, nessa saga pelas fronteiras nem um pouco delimitadas entre os Estados Unidos e o México em meados do século 19. É para se aplaudir o modo como McCarthy domina a linguagem, dialoga com mitologias e entrega ao leitor um romance sangrento, com cenas impactantes, homens ora admiráveis ora repugnantes e um personagem inesquecível: o sobre-humano juiz Holden.
Para fechar, um quadrinho argentino publicado pela Comix Zone. "Um Tal Daneri", coleção de breves histórias do detetive decadente criado por Carlos Trillo e Alberto Breccia, vale pelos enredos surpreendentes desenvolvidos em poucas páginas, pelo toque de Jorge Luis Borges e pelos desenhos e montagens impactantes, com pouca luz e muita sombra, de Breccia.
Que venham as leituras de 2022!
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