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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

10 desejos para você, que ama livros, neste 2022

Ilustração do livro "100 Vistas de Tóquio" - Shinji Tsuchimochi/Shikaku Publishing Company
Ilustração do livro '100 Vistas de Tóquio' Imagem: Shinji Tsuchimochi/Shikaku Publishing Company

Colunista do UOL

05/01/2022 04h00

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No começo de 2021, fiz uma lista com o que desejava para os leitores no ano que então se iniciava. Volto àquela relação e vejo que algumas coisas se concretizaram. Apesar de tudo o que o governo federal fez para atrasar nossa vida, a vacina chegou e pudemos voltar às livrarias, por exemplo.

Agora, em 2022, resgato alguns pontos antigos e atualizo os votos. São esses os meus melhores pensamentos para você, leitor, neste ano que acaba de começar:

- Que você finalmente consiga ler algum grande clássico, aquele nome gigantesco que há tempos lhe espreita de um lugar de destaque da sua biblioteca. Todos merecem se dedicar a um "Dom Quixote" ou "Guerra e Paz" da vida.

- Não se esqueça: a literatura está sempre viva. Leia os contemporâneos. Se aproprie dos canônicos. Jamais seja um leitor bovinamente submisso ao que já está estabelecido. Use a crítica para confrontar e clarear suas próprias visões, mas não esqueça da sua autonomia.

- Persistência para lidar com leituras difíceis, mas que valem a pena. Nem todo livro se revela de pronto, o que é bom. São muitos os grandes autores que exigem dedicação dos leitores até que estes entendam a melhor forma de trilhar um caminho por suas páginas.

- Um exemplo disso? José Saramago. Numa primeira batida de olho, o português pode ser intimidador, soar impenetrável. Com o avançar das páginas, no entanto, o leitor dedicado capta seu ritmo, compreende as vozes de personagens e narradores, se entende com a pontuação e a leitura passa a fluir bem. Em 2022 celebraremos o centenário de nascimento de Saramago, então aproveite para dedicar algum tempo ao Nobel de 1998.

- Nem todo livro - fácil ou difícil - vale nosso tempo e esforço. Desejo sabedoria e desapego para evitar ou desistir logo das leituras mais toscas. É melhor dormir, assistir a filmes, jogar bola, rir de memes do que ler certas tranqueiras.

- Acompanhe o que está acontecendo no mercado editorial, dê uma olhada nos lançamentos, mas tenha calma com os melhores livros de todos os tempos da última semana. Você não precisa estar por dentro de tudo o que dizem ser primoroso, imperdível. Se algum livro for mesmo tão precioso assim, sua leitura poderá esperar por alguns meses ou anos. Não precisa ter pressa, a boa arte é perene. Escrevi em outra coluna: apesar de fazer bem para o marketing, o hype é o avesso da literatura.

- Ainda lembro de como foi marcante me encontrar, quase que por acaso, com livros de gente como Ariana Harwicz, Samanta Schweblin e John Williams. Poucas coisas são mais satisfatórias em nossas caminhadas literárias do que garimpar autores que nos impactam profundamente. Desejo que descubra algum nome jamais lido capaz de lhe provocar esse tipo de encantamento.

- Compreenda quais são os seus interesses mais legítimos dentro da literatura, pois ninguém consegue dar conta de tudo. Foque no que mais te chama a atenção, mas não se restrinja a isso. Explorar outros mundos é fundamental para expandir os horizontes.

- Leia literatura brasileira. Leia a literatura feita por autores de outros países da América Latina. Olhar para o nosso canto do mundo por meio da arte nos ajuda a compreender problemas, encontrar virtudes, detectar similaridades e, claro, perceber singularidades dos povos que vivem entre o Rio Bravo e a Terra do Fogo.

- Desta vez, que a leitura e o conhecimento nos ajudem a começar a vencer o obscurantismo.

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