Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector e a literatura no boteco
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É ótima a história contada diversas vezes, com boas pitadas de humor, por Lygia Fagundes Telles. Certo dia, num congresso de literatura latino-americana na Colômbia, Clarice Lispector virou para a autora de "As Meninas" e falou: isso está muito chato, vamos sair daqui.
Deixaram o espaço onde autores como Mario Vargas Llosa discutiam pormenores do ofício e foram para um bar. Entre uma taça e outra, falaram de homens e sobre os mistérios da criação artística. Entre confissões, Clarice se queixou, não entendia a forma como estudiosos interpretavam a sua obra. Depois, aconselhou a amiga: Lygia, desanuvia essa testa e põe um vestido branco.
Fechada a conta no boteco colombiano, encontraram os colegas saindo do congresso. Estavam todos sérios, suados, lembra Lygia. A sisudez contrastava com a alegria daquelas duas após um bom papo e algumas rodadas de birita.
Congressos e debates têm a sua relevância, mas a mesa do bar é fundamental. Tenho na passagem de Lygia e Clarice um exemplo de como a literatura merece ser tratada no dia a dia: com leveza, prazer, humildade; se pudermos estar de chinelo, juntos de amigos e acompanhados de uma boa bebida, ainda melhor. Em recente artigo para o Estadão, o crítico Silviano Santiago lembrou que a escritora encantava plateias por onde passava graças à paixão que sustentava suas palavras rigorosas e valentes. Paixão é essencial, não a frigidez ou o esnobismo.
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