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Livros no Brasil: mais literatura, menos autoajuda

Pesquisa indica aumento nos livros de literatura e redução de autoajuda. - Reprodução
Pesquisa indica aumento nos livros de literatura e redução de autoajuda. Imagem: Reprodução

Rodrigo Casarin

Colunista do UOL

18/05/2022 04h00

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Dados interessantes aparecem nos pormenores da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, coordenada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e realizada pela Nielsen. Observando os números que separam as produções de acordo com os temas das obras, vemos que em 2021 a impressão de livros de literatura aumentou no país, enquanto a de autoajuda encolheu.

Comparados aos dados de 2020, no ano passado a produção de livros de literatura infantil saltou de 16 para 26 milhões. O mesmo se repete com a literatura juvenil (de 9,8 para 24,4 milhões) e literatura adulta (de 18 para 22,7 milhões). No período, os números da autoajuda minguaram um pouco: de 10,5 para 10,1 milhões.

Não dá para cravar muita coisa mirando apenas esses números, mas faz bem imaginar que estão chegando aos leitores mais livros com a complexidade da literatura do que obras dedicadas a apresentar supostas soluções milagrosas para tudo que é tipo de enrosco. Nesse sentido, uma pena a diminuição dos dados de literatura jovem adulto (de 3,6 milhões de exemplares para 3,06 milhões) e histórias em quadrinhos (de 1,3 milhão para 1,07 milhão).

Importante observar que em 2021 as compras governamentais tiveram uma força maior do que no ano anterior, principalmente por conta do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) Literário. Se em 2020 o programa foi responsável pela compra de 7,9 milhões de exemplares, em 2021 esse número foi de 28,9 milhões, uma variação positiva de 265%.

No macro, a pesquisa trouxe dados agridoces. Por um lado, o faturamento das editoras com venda de livros para o mercado teve um crescimento nominal de 6%. Por outro, considerando a variação do IPCA em 2021 (10,06%), observamos um tombo de 4% em termos reais. Ou seja, a possibilidade de um crescimento real foi atropelada pela inflação.

Olhando para a comercialização dos subsetores ao mercado, a venda dos Didáticos teve uma queda de 14% em termos reais e de 5% no nominal - mudanças no formato de ensino, adoção de apostilas por escolas e migração de alunos de colégios privados para públicos ajudam a explicar esses números. CTP (Científico, Técnico e Profissional) cresceu 7% em termos nominas, enquanto apresentou um recuo de 3% em termos reais, uma queda menor do que as apresentadas nos últimos anos.

Os Religiosos voltaram ao patamar anterior à pandemia após um crescimento nominal de 14% e real de 3%. São os mesmos números que acompanham as Obras Gerais, subcategoria que reúne a maior parte dos gêneros consumidos por aqueles que leem por mero prazer. É o terceiro ano seguido em que as Obras Gerais apresentam resultados animadores.

A pesquisa completa de Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro pode ser acessada aqui.

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