Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Eis a questão: quais livros colocar na mala na hora de viajar?
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Num trem de Coimbra para Lisboa que a Bel esticou os olhos sobre o livro que eu estava lendo. Quando fui virar a página, ainda no começo da história, pediu para que esperasse. Também tinha começado a ler "Fim de Curso", um dos contos de "As Coisas que Perdemos no Fogo", porta de entrada que recomendo para a obra de Mariana Enriquez, argentina das mais reverenciadas do momento. Ocasião rara e marcante. Mariana se consolidou em nosso imaginário como a escritora da Marcela, protagonista daquele breve horror.
"As Coisas que Perdemos no Fogo" viajou comigo meio que por acaso. A ideia seria aproveitar as semanas longe do computador para, após castelos e bacalhaus, ter "Um Conto de Duas Cidades", do Dickens, para acompanhar a garrafa de vinho do final de cada noite. De última hora resolvi colocar o livro de Mariana também na mala, junto do Kindle cheio de opções sempre ignoradas.
Nunca é uma decisão fácil escolher quais livros levaremos para uma breve temporada longe de casa. Tenho meus critérios. Livros que gostaria muito de ler sem ser por alguma obrigação profissional imediata têm preferência. Romances que exigem mais tempo podem ganhar a sua chance. É prudente garantir também alguma leitura mais ligeira, daí quase sempre há espaço para um volume de contos.
Por outro lado, HQs que tendem a ser leituras rápidas e pesadas demais raramente conseguem uma vaga. Tento nunca selecionar mais do que dois ou três títulos, mas é uma constante: enfio mais um livro na mochila poucos minutos antes de sair de casa. E não é raro que esse acabe como a grande leitura da viagem.
Há quem goste de uma casadinha clássica: ter em mãos obras que, de alguma forma, se relacionam com o lugar de destino. Se a passagem é para o Japão, então um Murakami ou um Mishima acompanham. Se é para a Bahia, João Ubaldo ou Jorge Amado - ou Josélia Aguiar e Luciany Aparecida, quem sabe.
Jamais transformaria a opção num dogma, mas é uma escolha que pode funcionar bem. Na última ida para o Uruguai, só não me acompanhou "Montevideanos", do Mario Benedetti, porque o tinha lido há pouco tempo. Então "O Uruguaio", do Copi, se mostrou uma boa distração no avião.
De lei mesmo é o comedimento já relatado. Besteira brigar por espaços e carregar o peso de uma pancada de livros sendo que poucas coisas são mais certas na vida quanto os novos exemplares que compraremos ao visitar uma, duas, dez livrarias em nosso destino.
Num sebo com plantas dominando todo o ambiente que garimpei uma preciosidade: "Teoría de la Prosa", do Ricardo Piglia. Ainda em Montevidéu, da simpática Escaramuza veio "Messi es un Perro y Otros Cuentos", do Hernán Casciari, o livro da penúltima coluna. E a ida para Buenos Aires antes da pandemia ficou marcada por "La Casa de los Conejos", de Laura Alcoba, comprado na portentosa e algo cafona El Ateneo Grand Spledid.
É bom sempre termos livros conosco. É ótimo saber que grandes livros serão boas surpresas em nossos caminhos.
Você pode me acompanhar também pelas redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, YouTube e Spotify.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.