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Conceição Evaristo sobre ABL: Corre o risco de ficar meio bolorenta
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Ali pela segunda metade da década de 2010 que Conceição Evaristo se transformou numa espécie de estrela pop da nossa literatura. Com uma carreira já consolidada, seu trabalho passou a chegar a cada vez mais gente. Gente que fez de Conceição um símbolo. Em eventos, não é difícil de encontrar pessoas com sacolas ou camisetas estampando o rosto da autora de "Ponciá Vicêncio", "Olhos D'Água" e "Insubmissas Lágrimas de Mulheres".
Conceição fala a respeito dessa transformação no papo que vocês ouvirão a seguir. Referência em autoria negra no país e pesquisadora responsável pelo conceito de "escrevivência", Conceição também comenta o que tem lido de forma mais crítica nesses últimos anos.
A desculpa para a conversa é a nova edição de "Canção Para Ninar Menino Grande", livro lançado originalmente em 2018 e que agora volta aos leitores com algumas modificações (Pallas). A obra é "uma celebração ao amor e às suas demências", como lemos antes de a narrativa começar. Nela acompanhamos Fio Jasmim e as diversas mulheres que cruzam a sua vida. Afetos, amizade e sororidade se somam numa história de paixões, encantos e desencantos.
Também foram assuntos da nossa conversa a proximidade do título com o enredo que a Mangueira levou à avenida em 2019, o espaço que Minas Gerais ocupa na poética da escritora, a forma como Conceição trabalha cenas de sexo e o desejo de entrar ou não na Academia Brasileira de Letras. Após não ser eleita no pleito que concorreu em 2018, Conceição fala sobre a ABL:
"Não sei se me candidataria de novo. Pela maneira que ocorreu e pela relação com a Academia, talvez queiram que eu seja a última pessoa a se candidatar. Não estou negando, mas não vejo uma possibilidade nisso. E falo sem modéstia alguma: quem perdeu não fui eu. A minha candidatura, de certa forma, escancarou que alguma coisa precisa ser revista na Academia. Talvez o próprio processo de eleição. Talvez a Academia precise acompanhar mais esse espírito do tempo, pensar mais nessa amplitude e nessa diversidade da literatura brasileira. Então, eu não perdi. E talvez a Academia tenha perdido um grande momento de ser democrática, assim como perdeu esse momento quando o Daniel Munduruku não foi eleito".
E complementa: "A Academia tem perdido o bonde da história. E é uma pena, porque a instituição que corre o risco de ficar meio bolorenta. A casa da literatura brasileira, da arte brasileira, da identidade brasileira exige mais dinâmica de olhar e de presença".
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