Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Falência da Livraria Cultura: lembranças contrastam com calote e decadência
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Livros da vida encontrados em prateleiras bem organizadas. Descobertas feitas em meio a leituras de pé, pelos corredores. A soneca em almofadas que acomodavam o corpo todo. O bom papo com vendedores que entendiam muito de literatura. O passeio com as crianças sempre finalizado com um sorvete. Palestras e autógrafos de alguns dos escritores favoritos. Paixonites ligeiras e amores gestados entre as estantes. A surpresa ao se deparar com o dragão pendurado na unidade mais famosa. Compreensível que a notícia da falência da Livraria Cultura deixe tanta gente consternada.
Não é preciso grande esforço para que a imagem pública de uma livraria seja positiva. Fora trogloditas, pessoas costumam gostar de espaços culturais, sentem-se bem neles. Some a isso certo ar sacralizado que ainda existe ao redor dos livros e é só não fazer muita besteira para que um comércio do tipo tenha boa aceitação. Ao juntar trabalho bem feito durante um bom tempo com boas doses de marketing, a Cultura virou referência, conquistou um lugar cativo no imaginário dos leitores.
Só que uma coisa é o comércio do balcão pra fora, outra é esse mesmo negócio do balcão pra dentro. Com o passar dos anos, a diferença entre a cara e as entranhas da Cultura ficou abissal.
O processo de crescimento fez a rede ser reconhecida em todo o Brasil. No auge, suas lojas ocupavam espaços em shoppings ou áreas importantes em diversas cidades do país. Entretanto, a lógica de uma empresa pequena que comercializa livros para pagar suas contas, como um dia foi a Cultura, é bem diferente da lógica de uma organização parruda, como virou a Cultura. Mudam os custos, mudam as formas de ganhar dinheiro, muda a perspectiva de quanto lucrar, muda o que se espera das planilhas. Muda tudo, inclusive a relação com o que se vende numa livraria.
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