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Ricardo Aleixo e o menino que o sistema literário não conseguiu deter
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Não é exagero apontar Ricardo Aleixo, hoje com 62 anos, como um dos maiores poetas em atividade no Brasil.
Podemos falar de seus livros, claro. Ele é autor de títulos como "Extraquadro" (Impressões de Minas/ Lira), de "Antiboi" (Crisálida), de "Pesado Demais Para a Ventania" (Todavia) e de "A Roda do Mundo", escrito em coautoria com Edimilson de Almeira Pereira, outro grande nome de nossa poesia contemporânea.
Mas a poesia de Ricardo extrapola o que encontramos nas páginas impressas. Sua arte é marcada pela musicalidade, pelas performances e por intervenções multimídias. Ricardo Aleixo é um poeta de palco.
Agora Ricardo começa a revisitar suas memórias para um projeto que, se tudo der certo, contará com quatro livros. O primeiro já saiu e se chama "Sonhei com o Anjo da Guarda o Resto da Noite" (Todavia).
Nele, com idas e vindas no tempo, Ricardo repassa e reflete sobre momentos importantes de sua carreira e de sua vida, como a bolada que levou durante um jogo de futebol na juventude. A pancada acabou por comprometer seriamente a sua visão.
Ele fala sobre como o incidente impactou a maneira como lê na conversa que vocês ouvirão a seguir. Também comenta como está sendo revisitar a trajetória, a importância das andanças pelo mundo para seu trabalho e de experiências pelo que chama de Áfricas dispersas.
"Mesmo eu, que me gabo de ser do tempo lento, muito lento, muito lentíssimo, muitíssimo lentíssimo, tenho sempre mais pressa do que penso ter", escreve Ricardo em certo momento. É um trecho que mostra como, mesmo na prosa, a musicalidade segue bastante presente em sua literatura.
A foto de Ricardo usada na arte do episódio foi feita por Natália Alves da Silva.
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