Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Camus, Bolaño e Lemebel: três filmes sobre escritores e uma aposta
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Uma aposta: os leitores ainda lerão e ouvirão muitas coisas sobre o Pedro Lemebel ao longo deste ano.
Se formos traçar uma história de como autoras trans estão hoje sob os holofotes da literatura (falo de gente como Camila Sosa Villada e Amara Moira, convidadas da última edição da Flip), Lemebel certamente merecerá boa atenção. Um dos principais nomes da arte queer latino-americana no século 20, aliou a escrita à performance e um incisivo compromisso político. Chileno, fustigou pares nas letras, questionou o próprio campo ideológico, exaltou as diferenças e bateu de frente com a ditadura de Augusto Pinochet.
Escrevia e performava se colocando sob verdadeiros riscos - traçando um ensanguentado mapa da América Latina violentada por ditaduras enquanto pisava em cacos de vidro, por exemplo. Lemebel morreu em janeiro de 2015, aos 62 anos. No final de maio a Zahar publicará uma coletânea organizada pelo crítico espanhol Ignacio Echevarría e traduzida por Mariana Sanchez. "Poco Hombre - Escritos de uma Bicha Terceiro Mundista" promete ser um caminho confiável para conhecermos com alguma profundidade sua obra.
Enquanto o livro não vem, alternativa é assistir ao documentário "Lemebel", disponível no Prime Video. Boa introdução à arte e ao pensamento do chileno, é um filme que impressiona por ser feito basicamente com imagens de arquivos pessoais, o que lhe dá um tom bastante intimista (num ritmo às vezes cadenciado demais, é verdade). E também indico esse breve vídeo que o Latina Leitura e a B de Barbárie fizeram sobre Lemebel:
Para Roberto Bolaño, outro chileno, Lemebel foi um dos principais escritores de sua geração. E é sobre o autor de "2666", "Detetives Selvagens", "Literatura Nazista na América", "Noturno do Chile" e "Putas Assassinas" a segunda dica desta breve relação. "Roberto Bolaño: El Último Maldito" também é uma boa forma de se aproximar da obra e da figura do autor em questão. Disponível no RTVE Play, o documentário trabalha com entrevistas clássicas do escritor e ouve figuras que conviveram e admiraram sua arte.
Estão ali a senhorinha que dava café com leite a Bolaño na época de pindaíba severa e o dono da loja de jogos onde o escritor ia para papear e pescar histórias. Também estão ali, comentando possibilidades sobre os romances do autor, editores e pares de escrita como o mexicano Juan Villoro e o peruano Mario Vargas Llosa. O filme está em espanhol com opções de legenda também em espanhol. Quem preferir algo em português sobre Bolaño, recomendo o papo que gravei com o crítico literário Schneider Carpeggiani para o podcast da Página Cinco.
Fecha a lista uma ficção: "Albert Camus", de Laurent Jaoui, filme que faz um retrato de diferentes momentos da trajetória do escritor franco-argelino. Há uma atenção especial para momentos íntimos e para a última década vivida pelo autor de "O Estrangeiro", "A Peste", "A Queda" e "O Mito de Sísifo", que venceu o Nobel de Literatura de 1957 e morreu logo depois, em 1960, aos 46 anos. Também há um episódio do podcast sobre Camus, um papo com o colega jornalista e crítico literário Manuel da Costa Pinto. Vale assistir, vale ouvir.
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