Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
A Feira do Livro: alegra ver mais uma festa literária prosperar
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Em 2017, com a economia meia-boca, governo Michel Temer escanteando a cultura e grunhidos bárbaros comendo solto pelo país, indicando o completo terror político que viria na sequência, surgiu a Flipelô. Parecia milagre ver algo daquele tamanho nascer num Brasil que se embrutecia. Apesar das adversidades, o encontro soteropolitano teve boa primeira edição e seguiu firme nos anos seguintes. Hoje a Festa Literária do Pelourinho é um dos melhores eventos que temos para leitores e escritores.
Lembro a Flipelô por conta da segunda edição d'A Feira do Livro, que aconteceu ao longo do feriadão na praça Charles Miller, na frente do que sobrou do Pacaembu, em São Paulo. Estive por lá e voltei para casa muito satisfeito com o passeio: entre conversas, cafés e cervejas, garimpei exemplares e escutei o que gente como João Silvério Trevisan tinha a dizer para uma plateia bem cheia.
Pelo que vi, ouvi e li, boa parte das 35 mil pessoas que passaram pelo lugar também ficaram satisfeitas com o que encontraram na festa.
Sim, apesar de o nome ser feira, o clima estava mais para uma boa festa. A primeira edição teve dias frios, chuvosos, cinzas. Rolou uma desconfiança: a coisa iria mesmo pegar? O pessoal sairia de casa para prestigiar os livros e a literatura? Agora foi diferente. A impressão é que essa segunda edição não só garante a sobrevivência, mas indica que a feira tem potencial para pleitear um lugar entre nossos principais eventos literários.
Ter programação gratuita com o palco principal aberto, integrado ao espaço público, não isolado numa estrutura fechada como acontece na Flip, é um dos méritos da iniciativa tocada pela Associação Quatro Cinco Um em parceria com a Maré Produções.
A tendência, aposto, é que num futuro próximo a programação dos expositores em suas tendas fique mais intensa, criando um movimento similar ao que acontece nas atrações paralelas de Paraty. Não é difícil vislumbrar as próximas edições da feira com a praça Charles Miller transformada num grande agrupamento de conversas literárias.
Pontos a se repensar existem e outros naturalmente virão. São muitas as tensões, muitos os debates possíveis que tanto forjam quanto emergem de um evento como A Feira do Livro. Ouvi leitores se queixando dos descontos tímidos (ou inexistentes) praticados pelos expositores — muitos destes, por sua vez, comemoraram boas vendas.
Um colega apontou a falta de atenção para o público juvenil na programação principal. Custos sempre são um empecilho principalmente para editoras pequenas. Eu mesmo estranho a disposição de estandes que não ficam virados para o centro da praça.
Em todo caso, já espero pela edição de 2023 d'A Feira do Livro, que deverá ocupar um espaço maior na minha agenda. Alegra acompanhar mais uma festa nascer, crescer e mostrar que tem tudo para prosperar.
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