Topo

Página Cinco

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Seguem as lutas: os ecos de 'Os Miseráveis', de Victor Hugo, em nossos dias

Victor Hugo, autor de Os Miseráveis - Captura de tela do filme "Victor Hugo e os Miseráveis"
Victor Hugo, autor de Os Miseráveis Imagem: Captura de tela do filme 'Victor Hugo e os Miseráveis'

Rodrigo Casarin

Colunista do UOL

28/06/2023 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Um livro que, mais de 150 anos depois de lançado, segue a ecoar quando pessoas saem às ruas para clamar por comida, segurança, emprego e salário decentes, liberdade, condições mais dignas de vida. Uma narrativa que extrapolou as marcas francesas para se transformar num símbolo de luta capaz de inspirar e estabelecer elos com massacrados de diferentes partes do mundo.

Tantas vezes adaptado para o cinema e para o teatro, "Os Miseráveis", maior clássico de Victor Hugo, segue como peça incontornável da literatura graças ao modo como as lutas romanceadas pelo escritor ainda fazem sentido em nossos dias. Ao menos é essa ideia transmitida pelo documentário "Victor Hugo e os Miseráveis", de Grégoire Polet, que estreará no próximo dia 29 no canal Curta!, às 23h, e que também estará disponível no CurtaOn - Clube de Documentários.

Um dos destaques do filme é a forma como apresenta a transformação da visão de mundo de Victor Hugo. Autor de obras como "Notre-Dame de Paris", conhecido como "O Corcunda de Notre-Dame", o escritor francês era famoso por posições conservadoras defendidas em artigos publicados na imprensa.

O amadurecimento que fez com que o homem ficasse mais sensível aos problemas sociais. Para muita gente, foi um choque se deparar com Hugo mostrando tanta simpatia pelos mais pobres numa ficção com ideias que preocupavam a elite de seu país.

"Os Miseráveis" saiu em 1862, numa França que vivia ondas revolucionárias. Revoltas populares, conflitos civis e as famosas barricadas fazem parte da história protagonizada por Jean Valjean, homem que fica quase duas décadas preso por roubar um pão. Num romance cheio de tensões sociais, na luta por vidas mais dignas se destacam personagens como Fantine, Cosette, Éponine e Gavroche.

Outro ponto levantado pelo documentário que merece a atenção do espectador é como "Os Miseráveis" foi tratado como um produto valioso antes mesmo de chegar às livrarias. Tal qual um Harry Potter de outrora, houve a preocupação para que edições em diferentes línguas estivessem disponíveis, ao mesmo tempo, a leitores de diversas partes do planeta.

O tijolo revolucionário de Victor Hugo virou febre entre leitores. Quem não tinha como comprar um exemplar, aproveitava leituras coletivas feitas em sindicatos ou cooperativas.

"Victor Hugo e os Miseráveis" ouve escritores e especialistas na obra do francês para compreender a atualidade do clássico. Entre os entrevistados, há certa crença de que um romance do século 19 segue capaz de provocar temor em uns e alimentar a esperança em outros. Talvez seja exagero. No entanto, para quem ama a literatura, faz bem pensar que um clássico da arte ainda pode ter esse impacto em nosso mundo.

Assine a newsletter da Página Cinco no Substack.

Você pode me acompanhar também pelas redes sociais: Twitter, Instagram, YouTube e Spotify.