Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Quem substituirá a Livraria Cultura da Paulista no imaginário das pessoas?
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Outro dia decretaram o fechamento das portas da Livraria Cultura da avenida Paulista. Depois, uma nova decisão da justiça reverteu a situação e as portas voltaram a ser abertas. A loja vive seus dias de Quincas Berro D'Água. A cada novo episódio desse morre-não-morre, lamentos e muxoxos circulam entre leitores e admiradores. Já foi uma onda de consternação, agora é mais uma marola que deverá perdurar durante algum tempo.
A Cultura do Conjunto Nacional extrapolava a condição de livraria. Com seu gigantismo, seus pufes aconchegantes, seu dragão pairando sobre a cabeça de todos, localização privilegiada, vai e vem de escritores e ambiente acolhedor, virou uma referência na cidade.
Muita gente ia até o espaço simplesmente para conhecê-lo, sem dar grande importância para os livros ali vendidos. Tanto que seguiu ocupando o mesmo lugar no imaginário de boa parte público conforme relaxava na atenção à literatura e se transformava numa loja de traquitanas variadas - escrevi aqui sobre a transformação.
Conheço uma boa quantidade de gente que parece ter alergia a livros e, ainda assim, faz questão de passar na Ateneo Grand Splendid para tirar algumas fotos. Nem faria sentido argumentar que há livrarias melhores e mais simpáticas por Buenos Aires, como a preciosa Libros del Paisaje. Não é isso que esse público busca. Querem é bater ponto na atração turística, dar uma olhada na coisa, reproduzir algum chavão e seguir com o tango. Faz parte do jogo.
Em São Paulo, a Cultura do Conjunto Nacional tinha - talvez para alguns ainda tenha - papel semelhante. Era um endereço que fazia parte de roteiros de passeios imperdíveis na cidade. Uma visita ao Museu do Futebol, uma olhada na fachada do Pacaembu, uma passada no Instituto Moreira Salles e um café em meio aos livros (e os pufes, e o dragão, e um monte de quinquilharias) na Cultura antes de seguir por uma caminhada pela Paulista.
Levando em conta o oba-oba, vai ser difícil alguma livraria reunir elementos e trabalhar a sua imagem até conseguir ocupar o lugar dessa unidade da Cultura no imaginário das pessoas, especialmente dos não leitores. Agora, pensando em quem se interessa por livros, o cenário é mais animador.
Martins Fontes da própria avenida Paulista, Travessa de Pinheiros, Livraria da Vila da Fradique Coutinho e Magafauna são algumas que se estabeleceram como pontos confiáveis para leitores e escritores. Outras seguem caminho semelhante: Livraria da Tarde, Livraria Simples, Mandarina, LivraRia, Gato Sem Rabo, Miúda, Livraria do Brooklin, Banca Tatuí, Ponta de Lança...
Faz tempo que boa parte do que há de melhor na literatura encontra boa guarida nas muitas outras livrarias - e também sebos - que pipocam pela cidade.
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