Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Por que vale a pena ter uma biblioteca em casa
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Sábado a morte do chileno Roberto Bolaño completou 20 anos. Faz algum tempo que venho dando atenção para a obra do escritor. Nos últimos anos passei por "2666", "Os Detetives Selvagens", "A Literatura Nazista na América", "A Universidade Desconhecida". Numa feira escolar, enfim arrumei meu exemplar de "Noturno do Chile". A melancolia da efeméride me deixou com vontade de voltar a Bolaño.
Perambulei pelas lombadas da biblioteca. Reencontrei meus dois primeiros Bolaños. Lembro como os adquiri (um na feira da USP, outro numa banca), só não me recordava do que havia dentro deles, da trama, da construção da narrativa. Aproveitei o final de semana para reler "Estrela Distante", edição publicada numa coleção de jornal. Deixei o exemplar cheio de marcas dessa nova leitura. Ficou a ideia: escrever sobre a presença do futebol na obra de Bolaño.
Ter ao alcance das mão livros que nos marcaram e outros tantos que gostaríamos de ler é um bom argumento para manter uma biblioteca em casa, ainda que esteja longe de ser o único. Daí que me surpreendeu ver uma porrada de leitores se descabelando pela internet em pleno domingo depois que alguém fez um post se colocando contra acervos privados.
A pessoa tinha seus argumentos. Defendia as bibliotecas públicas e a circulação dos exemplares. Mencionava como livros se desgastam com o transcorrer do tempo quando não são armazenados em condições ideiais. Alertava que herdeiros pouco afeitos aos calhamaços costumam simplesmente se livrar de todo aquele monte de papel tão logo o primeiro verme roa as frias carnes do antigo leitor.
Ora, a coleção pessoal não é inimiga do acervo público e ter uma biblioteca não significa simplesmente acumular livros; sempre há novidades chegando e antiguidades saindo - o espaço, afinal, é limitado. Sim, livros oxidam, desbotam, desgastam, envelhecem, acumulam poeira, dão trabalho para limpar - mas nem a própria vida nós tocamos em condições ideais. E se herdeiros não estão nem aí para a biblioteca do parente que se foi, isso é bem mais problema deles do que do morto.
E há o outro lado. Entre leitores, é bastante comum encontrar relatos sobre livros que funcionam como elo entre o atual detentor e antepassados, vivos ou mortos, que já cuidaram e deixaram marcas no volume. Há pouco, em sua coluna na Folha de São Paulo, a colega Juliana de Albuquerque escreveu a respeito da própria biblioteca e contou como um dicionário de filosofia e um manual de conjugação de verbos franceses a conecta aos pais e às avós.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.