'Se é gostoso, faz logo': Millôr Fernandes em 10 grandes frases
Na última quarta-feira o nascimento de Millôr Fernandes, que se foi em 2012, completou cem anos. Embalado pelas lembranças que pipocaram por aí, passeei pela edição de número 15 dos Cadernos de Literatura Brasileira, dedicada a Millôr. Saiu em 2003 pelo Instituto Moreira Salles e está disponível no site da instituição.
Millôr, sabemos, foi jornalista e artista plural e prolífico. Com o pincel, destacou-se nas artes plásticas e nas charges. Com a caneta, além do trabalho para a imprensa, foi reconhecido principalmente pelas peças teatrais que escreveu. O humor, a acidez, o talento para espezinhar poderes estabelecidos ou verdades sagradas frágeis demais são marcas de sua obra.
A fuga do lugar-comum e o talento assombroso para criar frases sagazes, daquelas que parecem perfeitas, definitivas, eram outras virtudes de Millôr. "Há certas frases que resumem tão bem uma coisa que, uma vez feitas, pronto, acabou", diz o artista na longa entrevista presente em Cadernos de Literatura Brasileira.
O volume também tem uma seleção com as cem melhores frases do carioca. Quem cuidou da escolha - e dá o evidente toque pessoal à seleta - foi o jornalista Sérgio Augusto, autor de livros como "Este Mundo é um Pandeiro" e "Vai Começar a Sessão". Ele pinçou a centena dentro de um universo gigantesco: cerca de 15 mil máximas, aforismos, pensamentos e afins burilados por Millôr entre 1945 e 2003.
"Nunca um humorista foi tão longevo sem perder, no meio do caminho, o que os conterrâneos de Shaw e Groucho chamam de bite, que é algo mais poderoso e transcendental que uma mordida", escreve Sérgio, fazendo referência aos espirituosos Bernard Shaw e Groucho Marx, escritores de língua inglesa.
A partir da seleção feita pelo colega fiz um novo corte para chegar a dez grandes frases de Millôr. Aproveitem:
- "Um desses livros que quando você larga não consegue mais pegar".
- "Idade da razão é quando a gente faz as maiores besteiras sem ficar preocupado".
- "O bêbado é o subconsciente do abstêmio".
- "Um escritor só é realmente famoso quando seus erros de linguagem passam a ser considerados regras gramaticais".
- "Cada ideologia tem a Inquisição que merece".
- "Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos muito bem!".
- "Grande erro da natureza é a incompetência não doer".
- "Se é gostoso, faz logo. Amanhã pode ser ilegal".
- "Certos escritores se pretendem eternos e são apenas intermináveis".
- "Eu posso não ser um bom exemplo. Mas sou um bom aviso".
- "Um homem é adulto no dia em que começa a gastar mais do que ganha".
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Atualização às 11h22 do dia 12/08/23: Bernard Shaw é irlandês, não estadunidense, como informado antes.
Opinião
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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