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O grande mundo de Drummond e o encontro do poeta com Ziraldo

Há dois anos, a notícia de que a obra de Carlos Drummond de Andrade não seria mais publicada pela Companhia das Letras surpreendeu muita gente. Na sequência os direitos do livro do poeta foram para a Record, que logo começou a despejar no mercado suas próprias edições de trabalhos centrais de nossa literatura, como "A Rosa do Povo", "Sentimento do Mundo" e "Claro Enigma".

Outros títulos de Drummond vieram juntos. "Quando É Dia de Futebol", que está entre meus favoritos de sua produção por motivos que extrapolam as letras, já ganhou nova roupagem. Sobre ele talvez eu volte a falar em outra hora. Dessa série de reedições ou novidades, dois volumes me chamaram a atenção.

O primeiro é "O Mundo É Grande", livro ilustrado no qual a designer e desenhista argentina Raquel Cané parte do poema que dá título à obra para construir histórias por meio de imagens. Enquanto os versos de Drummond se repetem ao longo das páginas, os traços de Cané oferecem ao leitor diferentes narrativas visuais que se conectam por meio de alguns detalhes. É um livro delicado, introspectivo, cheio de respiros.

Raquel, que também já se debruçou sobre escritos de autores como Jane Austen, Clarice Lispector e Jorge Luis Borges, faz jus aos versos de "O Mundo é Grande". "O mundo é grande e cabe/ nesta janela sobre o mar./ O mar é grande e cabe/ na cama e no colchão de amar/ O amor é grande e cabe/ no breve espaço de beijar", cunhou o escritor que aparece na última história proposta pela argentina.

O outro título mexeu com algum canto muito oculto da minha memória. Ainda não consegui resgatar a história que já devo ter tido com esse livro, mas a buzanfona do elefante desenhado por Ziraldo em "História de Dois Amores" me é familiar demais para o trabalho não ter feito parte da minha vida em algum momento da infância. O título é a junção dos traços e das letras de dois dos grandes artistas brasileiros do século 20.

Contada por Drummond e ilustrada por Ziraldo, na obra pensada para pequenos o leitor é apresentado ao elefante Osbó, líder de sua manada, e à pulga Pul, que vive atrás da orelha do gigantão. São diversas as histórias que ambos viverão juntos numa saga sobre o amor e a amizade.

"História de Dois Amores" saiu pela primeira vez em 1985. Além do material original, essa nova edição traz alguns esboços das ilustrações de Ziraldo e uma foto do desenhista e do poeta ao lado de um triste elefante de circo. Já pode ficar como sugestão de presenta para o Dia das Crianças.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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