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Dicas para escolher a próxima leitura

Outro dia recebi uma mensagem bem gentil de um leitor, o Gustavo. Ele falou sobre o interesse crescente pela leitura e mencionou certa pressa, pois acabou de festejar seus 50 anos. Definiu-se ainda como um leitor amador, algo que, em essência, todos somos, não!?

Gustavo carrega suas angústias. Deixou algumas perguntas, que aos poucos tentarei responder. Hoje trago três delas: Como selecionar um livro para ler? Como reduzir a incidência de erros nessa seleção? Livros podem ou devem ser interrompidos caso não atendam aos interesses do leitor?

Começo pelo final. Sei que muitos leitores, mesmo diante de textos modorrentos, não largam o livro enquanto não chegam à última página. Eu, por outro lado, sou adepto do pé na bunda. Já perdemos dinheiro com a joça, não percamos também nosso tempo. A vida é muito curta para transformar em martírio o prazer da leitura.

Mas pondero: há livros que merecem uma nova atenção em algum outro momento da vida — quando não nos entendemos com determinados clássicos, por exemplo. Convém refletir se certas leituras, pelo caráter desafiador, não exigem uma dedicação maior para encantarem o leitor.

Passei por esse assunto numa outra coluna. Pesco de lá: "Começar a descartar um livro atrás do outro pode ser sintoma de leitor cansado ou, pior, mimado, aberto apenas ao que já conhece, pouco disposto a compreender novas propostas, novas estéticas, outros universos".

Seria charlatanice falar em fórmula perfeita para escolher nossos próximos livros sem cair em ciladas. Não que estejamos sempre desamparados. Deixar com que as leituras aprazíveis e os autores admirados levem às próximas obras pode ser uma boa. Uma Camila Sosa Villada puxa um Pedro Lemebel que encaminha a um Manuel Puig, e assim vamos.

Também é esperto cercar-se de leitores de confiança. É imprescindível darmos atenção ao que outras pessoas pensam sobre literatura — inclusive, ou principalmente, quem tem ideias divergentes. Agora, também vale tentar identificar quem tem gostos literários semelhantes aos nossos. Esses colegas serão faróis confiáveis para iluminar o caminho das próximas leituras.

E não custa nada dar uma boa olhada no livro antes de decidir encará-lo. Se na livraria ou na biblioteca, folheie, leia o início, alguns trechos aleatórios, dê atenção para a orelha, um eventual prefácio ou posfácio. Fareje informações que ajudem na escolha. Não se acomode no próprio gosto, mas confie nele. No virtual, baixe uma amostra da obra, procure por trechos do livro que possam ter sido publicados por aí.

No email escrito, Gustavo se diz ciente de que estamos diante de encruzilhadas que apresentam uma infinidade de rotas. "Imagino que cada um de nós responderia essas questões de modo diferente, portanto não existe uma verdade universal", escreveu.

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E tem razão.

Este texto foi publicado primeiro na Newsletter da Página Cinco no Substack.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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