Cuidados com livros (inclui dica para que não despenquem na sua cabeça)
Pensem bem onde colocarão os livros que vocês têm em casa.
Outro dia, na boca do carnaval, uma leitora compartilhou no Twitter que foi salva por um lance do acaso. Saiu para jantar com a namorada. Acabou que dormiu na casa da moça. Quando voltou para a própria casa, encontrou a parte da cama na qual costuma acomodar a cabeça soterrada por livros.
Durante a noite a prateleira utilizada para guardar algumas dezenas de obras cedeu. Estivesse dormindo onde sempre costuma dormir, a mulher acordaria sob uma chuvarada de capas, páginas e lombadas. Machucaria um pouco, se tivesse sorte.
O desastre, entretanto, poderia ser bem mais sério. Levar um combo literal na cuca de "Guerra e Paz", "Irmãos Karamázov", "Um Defeito de Cor", "Romance d'A Pedra do Reino" e "2666", só para pensar num exemplo pesado qualquer, pode ter consequências seríssimas, esteja a pessoa acordada ou dormindo.
Livros mexem com o nosso imaginário. Permanecem como o grande símbolo do conhecimento. São fontes inesgotáveis de histórias. São capazes de alimentar sonhos, nutrir fantasias, provocar reflexões, servir de boa companhia, entreter enquanto nos tragam para mundos diversos.
Uma biblioteca em casa, ainda que pequena, significa ter por perto diferentes universos para desbravar, distintas alternativas para se encantar com a leitura. Não bastasse, prateleiras cheias de livros têm uma beleza única. Só que convém ter certos cuidados.
O conselho mais urgente que tenho para hoje é o óbvio: não coloque livros sobre o lugar onde você dorme. Se possível, aliás, não coloque nada em cima da sua cama, ainda mais com fixação meia-boca.
Acordar com algo pesado despencando sobre a cabeça pode ser bastante perigoso (talvez sequer acorde, vai saber). E acordar com algo leve despencando no corpo no mínimo provocará um susto desnecessário que atrapalhará a noite de sono.
Caso tenha alternativa, monte sua biblioteca num lugar que não seja o seu quarto. Sim, eu sei que é legal mantermos aquilo que amamos no canto da casa que mais tem a nossa cara. Só que dá um trabalho desgraçado manter uma biblioteca limpa, ainda mais quando as prateleiras não são fechadas. Onde há livros costuma haver também poeira, algo a se evitar caso não queira acordar com coceiras insuportáveis no nariz e na garganta.
Também não vai esculachar. Nada de biblioteca na garagem, pegando sujeira da rua, do escapamento do carro, da moto. Cozinha, banheiro, lavanderia (acredite, conheço relatos de todos esses cômodos sendo usados como abrigo livresco) são problemáticos por conta da umidade e do fogo. E luz do sol não é grande amiga dos livros, a incidência direta pode desbotar capas e detonar lombadas.
No mais, material resistente é importante para que as prateleiras não verguem. Uma estante bem fixada no chão ajuda a evitar desastres. Guardar exemplares lá no alto ou lá no fundo, longe do alcance das mãos ou atrás de outros volumes, fará com que esses títulos meio que escondidos sejam menos acessados. E pode ter certeza: logo a coleção aumentará. Então, se puder já deixar um espaço para as novidades que virão, o você do futuro agradecerá.
De tempos em tempos faça uma limpa e passe adiante aqueles exemplares que não lhe dizem mais grandes coisas. Um acervo enxuto, com títulos bem selecionados, vale mais do que um amontoado qualquer de calhamaços desconexos e desorganizados. Tente identificar o que realmente te interessa. Procure entender por que gosta de algo. Com alguma frequência, coloque esses gostos na berlinda para ver se eles ainda se mantêm.
Por sobrenome do autor, por título, por assunto, por país, por gênero, uma mistura de alguns critérios... Não importa qual, mas defina um norte para a ordem de sua biblioteca. Pouco adianta ter um bom acervo se você não conseguir achar o livro que precisa na hora em que você precisa.
Ainda mais se você corre o risco de a coisa despencar sobre a sua cabeça.
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