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Opinião

Os 'favoritos' ao Nobel de Literatura e a melhor forma de usar essas listas

A Academia Sueca divulgará no dia 10 de outubro o vencedor deste ano do Nobel de Literatura. Faltando menos de dois meses para sabermos quem ficará com o prêmio, nomes começam a circular pelas casas de apostas.

Até aqui, a chinesa Can Xue lidera a parada. Ela é seguida pelo australiano Gerald Murnane, pela canadense Anne Carson, pela russa Lyudmila Ulitskaya e pelo romeno Mircea Cartarescu.

Anne Carson, com seus fabulosos diálogos entre o mundo contemporâneo e a tradição grega, é a minha aposta pessoal. Também ficaria feliz se o prêmio fosse para Lyudmila ou Cartarescu. Sei pouco da literatura de ambos, mas diversos leitores que admiro e confio são grandes fãs do trabalho de um e de outro.

Há quem olhe para essas listas de apostas e torça o nariz. Nunca acertam nada, dizem. Não é verdade.

É raro que o vencedor do prêmio encabece o favoritismo, mas nos últimos anos os escolhidos pelos suecos estavam bem cotados. A francesa Annie Ernaux era uma das líderes do ranking em 2022. No ano passado, o norueguês Jon Fosse estava por ali também, numa posição intermediária.

Isso pouco deveria importar. Faz bem encarar listas e prêmios mais como possibilidades e sugestões do que como regras ou ordens. Alguns leitores ficam meio para baixo quando notam não conhecer quase nenhum dos autores, sei disso, mas não há razões para se envergonhar ou se sentir pressionado. Muita coisa - e muita coisa boa - nos escapa. Sempre. Esperto é quem olha para esses nomes com tranquilidade e aproveita para tirar algo daí.

Só fui descobrir e gostar do tanzaniano Abdulrazak Gurnah após o prêmio de 2021. Jon Fosse mesmo era praticamente desconhecido dos leitores brasileiros até o anúncio de seu Nobel. Agradeço ao prêmio por ter me levado a um autor de fato admirável, com uma prosa hipnotizante, cheia de fiordes e mistérios.

Olhar agora para os favoritos é expandir essa possibilidade de conhecer novas literaturas. Não lembro se já encarei algo do húngaro László Krasznahorkai. O francês Pierre Michon e o chileno Raul Zurita são nomes para colocar no radar. Quem sabe um dia minhas leituras e seus livros não se encontram.

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Outros que estão na relação dos apostadores já são mais ou menos conhecidos. O estadunidense Thomas Pynchon, o argentino César Aira (outro que tem minha torcida), o queniano Ngugi Wa Thiong'o, o francês Michel Houellebecq (que causaria um estardalhaço imenso caso vencesse), a antiguana Jamaica Kincaid e o britânico Salman Rushdie.

Fora raras exceções, é um olhar bastante limitado, centrado em uma língua ou outra e num recorte bem específico de mundo. É um problema do Nobel.

Haruki Murakami virou praticamente um meme deste momento do ano. Há mais de década apontado como um dos favoritos, dizem que já se trata do maior não vencedor de toda a história do Nobel de Literatura. E segue por lá, firme na lista dos mais cotados. Chegará a vez de Murakami? Aí já não sei. Difícil saber o que se passa na cabeça dos suecos.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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