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Ações dão força para que bibliotecas sejam refeitas no Rio Grande do Sul

Ações para arrecadar livros para reconstruir as bibliotecas do Rio Grande do Sul pipocaram aqui e ali desde que o estado foi tomado por enchentes, há quase quatro meses. A Feira do Livro que rolou em julho, aqui em São Paulo, juntou quase 50 mil exemplares para doar a instituições gaúchas. As cidades de Canoas, Pelotas, Porto Alegre e Colinas foram beneficiadas.

Quando a van da ação passou em casa para pegar minha doação, observei um detalhe. Um adesivo na lateral do veículo explicava quais livros buscavam. Literatura e quadrinhos, por exemplo, eram bem-vindos. Volumes detonados, enciclopédias de séculos passados ou apostilas usadas na década de 1970, não.

Se tem gente que doa comida estragada e farrapos de roupas, não é de se estranhar que alguns também aproveitem para desentulhar velharias acumuladas em casa, calhamaços que já não interessam a ninguém. Mesmo numa situação dramática, nem tudo serve a uma boa biblioteca.

Para contornar essa, digamos, falta de noção, o Clube dos Editores do Rio Grande do Sul está com a campanha Final Feliz (se você estranhou o nome, estamos juntos, mas foquemos na nobreza da causa). A ideia é levantar a grana que for possível via financiamento coletivo para, na sequência, comprar livros novos para bibliotecas escolares e comunitárias atingidas pelas enchentes.

Até aqui, já levantaram quase R$50 mil. Caso consigam forrar o chapéu com todo o valor almejado, meio milhão de reais, até 100 bibliotecas do estado, voltadas para diferentes públicos, receberão alguma atenção.

A ideia é que o dinheiro seja gasto comprando livros de 22 editoras gaúchas, diversas delas também bastante prejudicadas. A informação de que o depósito da L&PM havia sido tomado pelas águas, lembremos, foi uma notícia marcante do desastre para os leitores.

Ainda hoje, diversos setores do Rio Grande do Sul seguem tentando entender a dimensão do que sofreram e pensam em ações para se reerguer.

Dias atrás, o Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul) divulgou um balanço com os estragos em seu acervo: aproximadamente 4 mil peças de 700 artistas foram de alguma forma atingidas, o que representa 70% da coleção do lugar. Sobretudo gravuras, desenhos e fotografias foram prejudicados ou destruídos pela mistura de água, lama e sujeira.

É só mais uma amostra de como as enchentes foram cruéis também com as artes.

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A Livraria da Taverna tomada pela água se tornou um dos símbolos disso. Agora a loja finaliza a reforma e prepara a reabertura. Enquanto esteve fechada, deu um jeito de amenizar os prejuízos vendendo livros pela internet. A livraria fica no térreo da Casa de Cultura Mario Quintana, que há alguns dias voltou a receber visitantes.

Pelo que vejo, pelo que ouço, a vida - inclusive cultural - tem sido retomada aos poucos. A entrega dos livros da Final Feliz para as bibliotecas será feita entre 1º e 20 de novembro, durante a edição 70 da Feira do Livro de Porto Alegre. Por motivos óbvios, tem tudo para ser um momento marcante dessa fase pós-apocalíptica.

Aqui está o link para quem quiser contribuir com a campanha.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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