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Expectativa lá em cima: cinco livros que pretendo ler em 2025

Um dos primeiros livros que pretendo ler neste 2025 recém-iniciado é "As Lembranças do Porvir", de Elena Garro (Arte e Letra, tradução de Iara Tizzot). Quanto mais leio a literatura mexicana, mais me sinto em dívida com ela. Gosto demais de nomes contemporâneos como Fernanda Melchor, Cristina Rivera Garza, Clyo Mendoza, Juan Villoro, Juan Pablo Villalobos e Brenda Navarro.

Elena Garro entra nos times dos grandes autores mexicanos do século 20, ali com Octavio Paz e Juan Rulfo, do gigantesco "Pedro Páramo", um dos livros fundamentais do Realismo Mágico. É a corrente empregada pela escritora em seu "Memórias do Porvir", história de um povoado comandado por um milico cruel, onde maldade e amor se misturam.

Enquanto você lê este texto, provavelmente já avanço pelas páginas de "Solenoide", do romeno Mircea Cartarescu ("Mundaréu", tradução de Fernando Klabin), uma das grandes descobertas pessoais de 2024. Iniciei o catatau de quase 800 páginas quase no final de 2024, suspendi a leitura para dar conta de outros livros que precisava ler para determinados trabalhos.

Sonhos, fantasias e o que entendemos como realidade parecem indistinguíveis na prosa de Cartarescu. A desilusão do professor de ensino público e escritor arruinado que repassa momentos de sua vida enquanto fustiga feridas, compartilha desgostos e expurga frustrações me acompanhará durante o recesso.

Tinha gostado bastante de "Neca + 20 Poemas Travessos", publicado por Amara Moira pela O Sexo da Palavra, em 2021. "Neca", então um experimento literário com o pajubá, agora ganha pela Companhia das Letras uma versão mais caudalosa na qual a ousadia com a linguagem parece se manter. Apresentando como um romance escrito na língua das bichas, a história traz uma travesti em sua jornada pelos meandros do sexo e da literatura.

Um que gostaria de ter lido em 2024 mesmo e só não rolou porque demorou demais para sair no Brasil é "Dedico a Você o Meu Silêncio" (Alfaguara, tradução de Paulina Watch e Ari Roitman). O livro marca o adeus de Mario Vargas Llosa do romance, segundo o próprio autor.

Seria melhor ver Llosa se despedindo de suas deprimentes análises políticas, verdade, mas é bobagem virar a cara para o escritor. Dono de uma ficção importante e cheia de bons momentos —a ver se "Dedico a Você o Meu Silêncio" é mais um deles—, o peruano permanecerá durante muito tempo como um romancista que merece ser lido.

Fecho a lista de ótimos desejos para mim mesmo com "Te Dei Olhos e Olhaste as Trevas", novidade de Irene Solà (Mundaréu, tradução de Reyes Gil). Gostei demais de "Canto Eu e a Montanha Dança", no qual a autora mistura lendas, fantasia, simbolismos, tradições e situações histórias que marcaram a Catalunha. Ainda jovem, Irene parece ser um desses raríssimos casos cuja obra merece mesmo ser acompanhada de perto.

Agora é ver como as leituras andarão ao longo do ano.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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