O The XX não acabou, mas Romy agora quer que você dance e sorria
Eu sinto que estou em uma aventura nova. Não houve um plano complexo e completo, sabe? Eu amo o The xx, e essa banda é o meu foco principal, afinal, estamos juntos desde que eu tinha 16 anos, mas quis novos desafios"
Romy, vocalista e integrante do trio The xx
Romy Madley Croft, caso você não reconheça pelo nome, é uma das vozes do trio inglês The xx, banda formada ainda por Oliver Sim e Jamie xx. Quando surgiram, eles eram cool, minimalistas e levemente melancólicos. Era difícil encontrar um jovem descolado que não conhecesse o xx.
Sensação do final da década passada, quando estrearam com o álbum de nome "xx" em 2009, eles ganharam o disco platina no Reino Unido logo de cara, além do prestigiado Mercury Prize. Nada mal para um grupo que ainda aprendia a tocar os instrumentos e conhecer as próprias vozes e capacidades.
Vamos ouvir "Crystallized", música-símbolo desse álbum de estreia deles.
Nessa época, o trio tomou a música pop de assalto. Rihanna, por exemplo, sampleou um trecho da música "Intro" em "Drunk On Love", em 2011, e Drake chamou Jamie xx para adaptar, digamos assim, a música "I'll Take Care of You", de Gill Scott-Heron em "Take Care".
Enfim, era virada de década e o The xx estava com tudo.
Passada pouco mais de uma década de existência, a discografia deles é diminuta, embora poderosa:
- xx (2009)
- Coexist (2012)
- I See You (2017)
Eles não têm muita pressa, como vocês podem perceber, em frequentar os estúdios com muita frequência. Por isso, a história de que Romy preparava uma carreira solo deixou muito fã assustado.
O The xx chegou ao fim?
Bom, fui atrás da vocalista do The xx para falar sobre isso tudo: de carreira solo e futuro do trio formado ao lado de Jamie e Oliver. E se puder dizer algo, seria:
Calma, pessoal!
Segundo a própria Romy, a banda segue firme e forte, apesar desse novo projeto dela. E, mais, vem música nova do The xx em breve.
É realmente fofo que as pessoas tenham essa preocupação com o futuro do The xx, mas elas podem ficar tranquilas. Oliver e Jamie são realmente meus irmãos. Sempre vamos fazer músicas juntos."
Era uma tarde de quinta-feira, perto das 17h em Londres (umas 13h aqui em São Paulo), e Romy fazia uma bateria de entrevistas para falar de "Lifetime", o primeiro single solo dela, da casa onde mora, já enfrentando o segundo lockdown.
Uma curiosidade:
Na Inglaterra, era perto da hora do chá, geralmente tomado às 17h, mas Romy prefere café. Inclusive, tomou incontáveis litros da bebida durante a produção das canções dessa fase solo.
Depois desse papo trivial para aquecer (sobre chás, cafés e por aí vai), Romy falou logo sobre o futuro do The xx e sobre a especulação no Twitter de que o trio deixaria de existir. Isto posto, seguimos o papo sobre "Lifetime" .
A carreira solo de Romy está intrinsecamente ligada ao The xx, mesmo que para se distanciar da estética da banda, com mais espaços vazios e ecos. Se você deu play nas músicas que coloquei aqui neste texto, certamente sacou as diferenças entre eles.
Mas tudo que envolve a versão solo de Romy em "Lifetime" é diferente daquela versão dela do The xx. E isso começou quando chegou ao fim a última turnê do trio, em julho de 2018. Como ela, mesma, conta:
Comecei a me aproximar do pop, a fazer canções para outros artistas [com nomes do pop, a partir de uma colaboração com a incrível Dua Lipa, em 2017]. Achei que algumas dessas músicas eram para os outros, mas percebi que eram temas muito pessoais. Entendi que não eram músicas para os outros."
Enquanto conhecia o pop, Romy também descobria que tipo de artista ela era sem a presença de Jamie e Oliver.
"Pude sentir o meu som. E isso levou um bom tempo para que eu pudesse entender. Fiquei interessada pelo pop, com as possibilidades que esse estilo apresenta."
É um rompimento com a melancolia do The xx?
Em partes sim, mas não completamente. Na carreira solo, por exemplo, Romy deixa o estilo sóbrio das artes e fotos, tão usados com a banda, e parte uma linguagem mais colorida e em cores neon. Tudo é proposital.
Faz todo sentido comparar as identidades gráficas do The xx com a minha carreira solo. Eu amo o que construímos com a banda, mas quando comecei a pensar nas minhas coisas, queria uma imagem mais feliz, ter cores neons, como as artes daquelas raves dos anos 1990."
E Romy segue:
"Queria que tivessem essas coisas coloridas. É tudo mais lúdico em 'Lifetime', o que se conecta com a música, que é tão positiva e tem uma vibe mais acelerada e para cima."
Isso não quer dizer que o The xx vá acabar, afinal, Jamie xx já tem dois discos solo lançados ("We're New Here", de 2011, e "In Colour", de 2015).
Quando ele [Jamie] voltava, ele trazia tantas experiências novas e ideias interessantes. Eu vejo essas aventuras como algo positivo para o The xx."
"Lifetime" é o primeiro single dessa nova fase, diz Romy, e tem muito ainda por vir. Essa é uma música criada ainda no primeiro lockdown do Reino Unido criado para conter o avanço do novo coronavírus, no primeiro semestre de 2020.
Em vez de encerrar a melancolia do The xx, Romy experimenta sons mais cheios, mais dançantes e eletrônicos, a partir das experiências que teve como DJ, algo que ela começou a fazer ainda aos 17 anos.
Ou seja, agora, além de acompanhar você naqueles momentos em que quiser ficar no quarto escuro, ouvindo um som baixinho, ela também quer ser a trilha sonora para sorrir e dançar.
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