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Pedro Antunes

Eric Clapton: música anti-lockdown resgata racismo e xenofobia de 1976

Eric Clapton no Festival de Cinema de Toronto, onde divulgou o documentário sobre sua vida "Life in 12 Bars"
Eric Clapton no Festival de Cinema de Toronto, onde divulgou o documentário sobre sua vida "Life in 12 Bars"
Fred Thornhill/Reuters

Colunista do UOL

30/11/2020 12h21

Com música anti-lockdown, Eric Clapton fez questão de nos lembrar de como ídolos podem ser babacas.

Não precisa existir fisicamente uma lista para reunir as decepções dos gigantes da música que já mostraram o pior deles. Vocês sabem quem são, de Morrissey a John Lennon (pois é, pessoal), passando por personalidades mais óbvias, como Noel Gallagher.

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Pois Eric Clapton foi parar nos trending topics do Twitter ao nos lembrar os motivos que o colocam nesta baciada de pesadelos.

Tudo voltou com essa história aqui:

Como noticiou a Variety, Eric Clapton participará novo single do Van Morrison, artista que já teve trabalhos incríveis (tipo "Astral Weeks", de 1968).

A música se chamará "Stand and Deliver" e promete ser um blues criado por Morrison e executado por Clapton.

Esse encontro artístico vale ouro. O motivo para ele acontecer, contudo, é discutível.

Morrison é um dos artistas que mais tem atuado contra as medidas de lockdown impostas pelo governo do Reino Unido durante a pandemia do novo coronavírus. Ele já soltou três singles, "Born To Be Free", "As I Walked Out" e "No More Lockdown".

Já sacaram do que se tratam as músicas, né?

E há uma boa intenção ali, já que a grana gerada por esses singles vai para um fundo criado pelo Morrison para ajudar músicos que encontram dificuldades financeiras durante a pandemia e o fim dos shows e performances ao vivo.

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Isso, OBVIAMENTE, é uma preocupação de Morrison, de Clapton, minha e de qualquer um que está minimamente ligado à indústria da música de modo geral. O buraco financeiro criado pela ausência de shows desde março é gigantesco.

E não estou falando só de quem está lá cantando ao microfone, mas existe toda uma cadeia de profissionais completamente parada que depende das performances. A galera da graxa, produtores, empresários, técnicos de som, enfim, todo mundo tá lascado, realmente.

O perigo dessa história é a mensagem contra o lockdown, uma medida mais drástica (e necessária) para o combate do novo coronavírus que nem sequer foi usada aqui no Brasil, mas foi adotada na Ásia, Europa e América do Norte.

O Atila Iamarino comentou essa história:

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E ele até cita Eric Clapton:

A participação de Clapton nesse movimento anti-lockdown (que também é político até a ponta do fio de cabelo, jamais se esqueça disso) colocou o guitarrista de novo em uma posição completamente desconfortável por conta de atitudes dele do passado.

E muita gente lembrou da história do show dele em Birmingham, na Inglaterra, em 1976. Na ocasião, Clapton vomitou frases racistas e xenofóbicas para o público, o que gerou uma reação gigantesca e o nascimento do movimento britânico Rock Against the Racism, naquele mesmo ano.

"Impeçam o Reino Unido de se tornar uma colônia negra. Tirem os estrangeiros daqui (...). Mantenham a Grã-Bretanha branca. Eu costumava gostar de drogas, agora gosto de racismo."
Eric Clapton em show em Birmingham, em 1976, segundo o site Daily Beast

Ele já se justificou pelas atitudes, culpou a autossabotagem e o uso de drogas.

Mas, é claro, claro, a internet buscou outros momentos completamente babacas de Clapton:

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Clapton surpreendeu até quem não acreditava que seria surpreendido:

Houve ainda quem comparasse a atitude de Clapton com o que estão fazendo outros artistas sobre a pandemia do novo coronavírus:

E enquanto a pandemia do novo coronavírus segue lembrando a gente de que alguns ídolos também têm opiniões e ideias bastante problemáticas, outros enchem a gente de orgulho.

Não é, Zeca?