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Pedro Antunes

Anitta, Pedro Sampaio e 'Larissa': marketing forçado para música meia-boca

Pedro Sampaio, Anitta e Luan, no clipe de "Larissa" - Rodolfo Magalhães / Divulgação
Pedro Sampaio, Anitta e Luan, no clipe de "Larissa" Imagem: Rodolfo Magalhães / Divulgação

Colunista do UOL

11/12/2020 19h47

Sem tempo

  • No início da semana, o DJ e produtor Pedro Sampaio fez um estardalhaço na web com a foto de uma tatuagem com o nome "Larissa".
  • O pessoal logo ligou a tatuagem na coxa do rapaz à Anitta, já que esse é o nome de batismo da artista.
  • Especulou-se um affair ou um feat.. A internet queria respostas!
  • Na verdade, tratava-se de "Larissa", single novo do Pedro Sampaio com o cantor Luan (ex-UM44K).
  • Mas e a Anitta? Bom, ela atua no clipe, como a Larissa que dá nome à faixa.

Não precisava ser muito chegado às fofocas das celebridades para ficar sabendo da existência de algo entre Pedro Sampaio e Anitta. Era daquelas histórias que, de tão gigantes, transcendiam a bolha do Twitter.

Pô, rolou foto de uma tatuagem na coxa com "Larissa", nome de Anitta, que fez a web pirar nas duas únicas possibilidades cabíveis na música pop: era romance ou feat.

Quem não ficaria curioso com essa história? Afinal, um dos DJs e produtores mais estourados do funk do último ano (da massiva "Sentadão"), Pedro Sampaio havia tatuado o nome de batismo de Anitta, um dos maiores nomes do pop nacional (vou deixar a briga de quem é a maior cantora para os fandoms, beleza?).

E do que se tratava toda a história? Bom, saiu hoje (11) a música de nome "Larissa", de Sampaio com feat. do Luan (ex-UM44K). Anitta, na verdade, participa do clipe, como a moça responsável por conquistar o coração dos dois artistas no vídeo.

Música e clipe estão abaixo:

O que acharam?

Uma estratégia forçada, mas inteligente

Vamos lá. Estamos falando de pop, de artistas cujas imagens são exploradíssimas pelos criadores de conteúdo de celebridades (de sites de entretenimento a contas especializadas no Instagram).

Tudo o que Sampaio, Anitta e Luan fazem nas redes se torna notícia (deve ser enlouquecedor estar do outro lado).

Quantos cliques, likes, etc, já foram conseguidos a partir de postagens sobre Pedro Sampaio e Luan? O que dizer de Anitta, cujos stories devem ser esmiuçados por todo mundo até com lupa para se encontrar algo que "escapou" da cantora. E é isso, faz parte do jogo há anos.

Não à toa, com o post da tal tatuagem com "Larissa", Pedro Sampaio foi parar nos trending topics do Twitter. Todo mundo falava sobre isso, dos memes às especulações:

Ainda que tudo tenha sido uma barra bastante forçada (e, veja bem, foi bastaaaante), usar dessa estrutura ao favor do próprio single é, no mínimo, inteligente, não é?

Ah, e não custa lembrar:

Os três artistas, Pedro Sampaio, Luan e Anitta estão na mesma gravadora, a Warner Music Brasil. Faz sentido uma ação em conjunto, não é?

Isto posto, chegamos à faixa em si.

É meio ruinzinha, não é?

A verdade, cá entre nós, é que "Larissa" é uma música meia-boca e não faz justiça ao hype criado em torno dela. Não é um flop, porque a expectativa criada com a estratégia de lançamento impediria um fiasco nos números. O sucesso de plays estava garantido. A pergunta é: é uma música que se segura?

A resposta é simples. Não.

No momento em que o texto está sendo escrito, por exemplo, o clipe está em 14º lugar nos trends YouTube e o termo "Pedro Sampaio" também está entre os assuntos mais comentados do Twitter.

(Desculpe, poxa)

Preste atenção nos comentários do clipe no YouTube. Estão falando de Anitta ali, oras. E o som? Bom, vi alguém reclamando da voz de Luan ("parece o Vitão"), mas pouquíssimos tratam da faixa propriamente dita.

Efeito em excesso e susto com a virada

As vozes soam desconectadas na primeira, segunda e até na terceira audição. É efeito em excesso. Como estou ouvindo a faixa no repeat aqui para entrar no "clima" do texto, posso garantir ao leitor/ouvinte: após certo tempo, você até se acostuma.

Mas o salto do BPM (sigla para "batidas por minuto") é difícil de aceitar, mesmo depois da 24ª vez.

"Larissa" vai dos graves vagarosos, meio trap, para 150 BPM com batidas estouradaças, como se gritassem nos ouvidos.

Não há justificativa narrativa ali. Em vez de soar natural, a chegada da pancada destrói o que se construía com arranjos e letra, aquele amor impactante, de carne, suor e pegada firme. De repente, chega o susto: tum-tum-tum-tum.

Presença de Anit(t)a

Curiosamente, Anitta já contou que adotou o nome artístico em referência à minissérie da TV Globo, "Presença de Anita", exibida em 2001, com Mel Lisboa no papel da protagonista atuando ao lado de um ator que não merece ser nomeado aqui.

É a presença de Anitta (agora com duas letras "t", sacaram?) a responsável por levar a música a um lugar no qual ela jamais chegaria, mas também é a força gravitacional das atenções. Seja por não cantar na música, seja pelo look ou pela atuação ali.

Portanto, imagine se só estivessem Pedro Sampaio e Luan cantando os amores para a mesma Larissa no clipe, mas sem a companhia da artista Honório Gurgel.

Eles, aquela sala escura e o cavalo branco. Quantos views o clipe conseguiria?

Letícias, Ritas e Larissas

Em um ano de 2020 com figuras femininas interessantíssimas no título de músicas que chegaram no topo das paradas (ou quase isso), como nos hits chicletes "Rita", de Tierry, "Letícia", de Zé Vaqueiro, o que dizer de "Larissa"?

Entre causos de facadas e fugas com mototaxistas tão memoráveis de 2020, a "Larissa" deve ficar pelo caminho, mesmo.

Digo, a música "Larissa", é claro, porque a Larissa/Anitta segue bombando (e voará mais alto com estreia do documentário "Anitta: Made In Honório", na Netflix).

Por fim, se alguém entendeu a presença do equino branco no clipe, por favor, me avise.